Avaliação

Enem terá prova digital em 15 capitais em 2020

MEC anuncia plano de migração total da avaliação para novo modelo até 2026; versão modernizada permite uso de vídeos, gráficos e até mesmo games

Por Da Redação
Publicado em 03 de julho de 2019 | 21:17
 
 
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O governo Jair Bolsonaro (PSL) vai iniciar no próximo ano um projeto-piloto para aplicar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em computadores.

A avaliação deste ano, marcada para novembro, continuará toda em papel para os 5,5 milhões de inscritos. O plano é fazer a migração total para o modelo digital até 2026. 

O objetivo é alcançar uma redução de custos de logística e permitir mais de uma aplicação do Enem ao longo do ano, a exemplo do que ocorre com avaliações internacionais.

A versão digital do exame vai possibilitar novos tipos de questão na prova, utilizando vídeos e infográficos, e até mesmo poderá seguir a lógica dos games.

Como funcionará

Em 2020, o projeto-piloto ocorrerá em 15 capitais, para um público de 50 mil candidatos. A aplicação do Enem totalmente digital ocorrerá em dois domingos, 11 e 18 de outubro, antes do exame regular, em papel, já marcada para os dias 1º e 8 de novembro de 2020.

No ano seguinte, haverá duas aplicações digitais no ano e, entre 2022 e 2025, quatro oportunidades em computador. Nesse período, de 2020 a 2025, haverá sempre a aplicação em papel junto com a versão digital.

Os candidatos poderão escolher inscrever-se para prestar a prova no computador, caso haja oportunidade próximo à sua residência. Somente em 2026, o Enem ocorrerá digitalmente de forma definitiva.

“Até 2026, a prova vai ser muito parecida com o que é hoje, mas toda ela vai ser no computador”, disse o ministro da Educação, Abraham Weintraub, em entrevista coletiva na sede do MEC, em Brasília.

O plano é que, consolidada a transição, haja locais credenciados para a realização do exame, como ocorre, por exame, com o SAT, exame de seleção para universidades nos EUA. Assim, o exame poderia ocorrer em vários momentos do ano. Haverá a possibilidade de reaplicação da prova caso haja problemas no digital.

Obstáculos

Quando o formato atual do Enem foi lançado, em 2009, e a prova passou a ser usada como vestibular para as universidades federais, já havia o plano de digitalizar o exame. A dificuldade para ter questões em número suficiente complicou a operação. 

No Enem, os itens são pré-testados para garantir níveis de dificuldade controlados. Dessa forma, é possível a aplicação de várias provas no mesmo processo seletivo com o mesmo grau de dificuldade.

Outro desafio é garantir locais com computadores suficientes para o volume de inscritos no Enem, inclusive em locais mais isolados. Neste ano, a prova ocorre em 1.725 municípios. 

Segundo dados do Censo Escolar 2018, uma em cada cinco escolas públicas de ensino médio no país, ou seja, quase 20%, não tem internet banda larga, e 17,9% não têm nem sequer laboratório de informática. 

Na rede privada, a cobertura de banda larga é melhor: apenas 4,9% não têm esse serviço, mas a infraestrutura em termos de laboratórios de informática é inferior à da rede pública: 31,6% não têm. (Com agências)

Presidente não leu teste

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que o presidente Jair Bolsonaro não leu a prova, como havia prometido, nem deve ler antes da aplicação. “Eu não li, o presidente não leu, ninguém aqui leu”, disse.

“Todo mundo tem meta e responsabilidade, e cada um é responsável. Foi passada orientação para acabar com qualquer viés ideológico na elaboração de provas”, afirmou. Neste ano, o Inep criou uma comissão que fez um pente-fino ideológico no banco de itens da prova.

Segurança  mantida

Segundo Alexandre Lopes, presidente do Inep, a mudança deve reduzir os custos do exame, hoje em torno de R$ 500 milhões. A aplicação do projeto-piloto em 2020 vai custar R$ 20 milhões.

O modelo digital deve, segundo Lopes, permitir provas adaptadas à reforma do ensino médio, que prevê que os alunos escolham seus itinerários formativos ao longo da etapa. Na inscrição, o estudante já vai poder escolher a prova de acordo com o roteiro que cursou.

A reforma está em implementação nos Estados e prevê cinco itinerários, caso haja oferta na escola: matemática, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico. Hoje, a prova do Enem tem quatro partes, de 45 questões cada.

Com a mudança para o digital, há a possibilidade de cada parte da prova ser reduzida para 23 questões.
Os integrantes do MEC garantiram que dá para assegurar a segurança do exame no formato digital.

Universidades

O Enem é a porta de entrada para praticamente todas as universidades federais. Estaduais, como a USP, selecionam parte dos alunos a partir do resultado da prova.

 

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