Uma menina de cinco anos, moradora da localidade conhecida como Raia, no interior do Morro do Turano, no Rio Comprido, zona norte do Rio de Janeiro, morreu na madrugada desta sexta-feira (1º), após ser atingida por um tiro durante a queima de fogos na virada de ano.
Alice Pamplona da Silva estava dentro do quintal da própria casa e foi atingida no pescoço. Segundo a Polícia Militar, agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Turano e do 4° Batalhão, de São Cristóvão, foram acionados para averiguar a entrada de uma uma criança na unidade hospitalar Casa de Portugal, vítima de disparo de arma de fogo.
A princípio, a família acreditava que o ferimento teria sido causado por fogos de artifício.
A corporação informou neste sábado (2) que, no momento da ocorrência, não havia operação policial na região, nem confronto armado envolvendo equipes da PM. O caso está sendo investigado pela 6ª Delegacia de Polícia (DP), na Cidade Nova.
Outros casos
De acordo com a ONG Rio de Paz, 12 crianças foram mortas vítimas de armas de fogo no Estado no ano passado. "Mais um caso de criança pobre que o Rio impediu de crescer. Alice entra para a estatística de criança morta por bala perdida, lado mais hediondo do crime. O que os governos têm feito para evitar armas e munição no Rio?", questiona Antonio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz.
As últimas foram Emily Victória Silva dos Santos, 4, e Rebeca Beatriz Rodrigues dos Santos, 7, mortas ao serem atingidas por balas de arma de fogo em dezembro quando brincavam na porta de casa. A família atribuiu o caso a policiais que patrulhavam a região. A PM nega que tenha ocorrido disparos por parte de seus agentes. O caso está sob investigação da Divisão de Homicídios.
A primeira em 2020 foi Anna Carolina de Souza Neves, 8, atingida por uma bala perdida na cabeça no sofá de casa em Belford Roxo, na região metropolitana, em 9 de janeiro.
Vinte dias depois, foi a vez de João Vitor Moreira dos Santos, 14, também baleado na cabeça quando voltava de uma festa com a família no bairro Vila Kosmos, zona norte do Rio.
Em 6 de fevereiro, Luiz Antônio de Souza Ferreira da Silva, 14, foi atingido na perna assim que saiu de uma consulta no psicólogo com a mãe adotiva em São João de Meriti, também na região metropolitana, e morreu no dia seguinte.
Um dos casos que causaram maior comoção foi o do menino João Pedro Mattos, 14. Ele foi baleado nas costas dentro da casa de seus tios durante uma operação, no dia 18 de maio. Os três policiais que fizeram a incursão dizem que houve troca de tiros com bandidos que fugiram pelo muro, mas os primos de João afirmam que não havia bandidos e que os agentes chegaram atirando. (Atualizado às 14h39, 2.1)