O Ministério da Saúde (MS) está orientando às secretarias estaduais e municipais de saúde que evitem vacinar com a tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) crianças com histórico de alergia a lactose, com o produto fornecido pelo laboratório Serum Institutte of India Ltd. A informação é preventiva, pois foram notificados alguns casos de reações adversas em crianças que têm alergia ao leite de vaca. Vale ressaltar que todas as crianças passam bem.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), até o momento em Minas Gerais a campanha de vacinação transcorre normalmente, sem qualquer relato de reação alérgica aos medicamentos. "A informação que tivemos é que um lote de vacinas encaminhadas ao estado do Amazonas teria dado alguns problemas", dizia a nota divulgada.
A SES ainda informou que a vacina não é indicada para crianças que estiverem com doenças febris moderadas ou graves, devendo adiá-la até que a criança melhore. Além disso, crianças que fazem uso de imunoglobulina, sangue e derivados também deverão adiar a vacinação por três a 11 meses, visando evitar prejuízos na resposta imunológica pós-vacinação. Em quem apresentou reações alérgicas em doses anteriores ou estiver com imunodeficiência a vacina também é contraindicada.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) também foi procurada por O TEMPO e informou que, após receberam a orientação do MS, todos os funcionários de salas de vacinas foram informados de que devem questionar aos pais e responsáveis - antes de aplicar a vacina - se a criança tem histórico de alergia a leite de vaca. O órgão também informou que nos pontos de vacinação da capital mineira, até o momento, nenhum caso de reação alérgica à vacina havia sido registrado.
A aposentada Nilsa Carvalho, de 64 anos, costuma cuidar do seu sobrinho-neto Arthur, de 9 meses, enquanto a mãe está no trabalho. Recentemente a sobrinha ficou doente e ela acabou dando leite para o pequeno. "Após tomar leite o dia inteiro ele acabou evacuando com sangue e ficamos muito preocupadas. Foi aí que descobrimos que ele tem alergia à lactose", explicou.
Na última segunda-feira (17) ele tomou a vacina tríplice viral, ainda sem receber qualquer questionamento sobre a alergia. "Graças a Deus que ele não teve nenhuma reação alérgica. Tenho certeza que ele não a teria tomado se já tivesse saído este alerta", disse a tia-avó.
O fornecedor
O produtor Serum Institutte of India Ltd. é pré-qualificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e fornece, há muitos anos, vacinas para vários países do mundo, inclusive o Brasil. Como rotina para aumentar a segurança das vacinas utilizadas em nosso país, o Ministério da Saúde também testa cada lote antes do mesmo ser utilizado. Todos os lotes da vacina tríplice viral que estão em uso no país, incluindo os do Serum Institute, passaram por análise no Instituto de Qualidade em Saúde (INCQS), sendo aprovadas para uso. Desde junho deste ano, mais de 4,4 milhões de crianças já foram vacinadas com essa tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) no país e há garantia da segurança da vacina.
Ao analisar a composição da vacina do produtor Serum, verificou-se a presença de lactoalbumina hidrolisada, produto que pode fazer parte de algumas vacinas. Embora não exista na bula nenhuma contraindicação do seu uso em pessoas que apresentam alergia ao leite de vaca, como medida de precaução, o Ministério da Saúde enviou a todas as secretarias estaduais de saúde informe técnico recomendando que crianças com histórico de alergia ao leite de vaca não sejam vacinadas com a tríplice viral, do produtor Serum Institute of India Ltd. Nestas crianças, a vacinação, deverá ocorrer em uma data posterior.
O Ministério da Saúde está analisando, em conjunto com a Organização Pan-America de Saúde (OPAS/OMS), responsável pela aquisição deste produto, os eventos adversos registrados e sua possível associação com a vacina.
Cabe ressaltar que a vacinação contra o sarampo é muito importante para manter o país livre dessa doença. Apesar de não ter circulação nas Américas, ainda ocorrem surtos de sarampo em todos os outros continentes, o que representa uma permanente ameaça de reintrodução da doença no Brasil.
Atualizada às 17h36