Fora de ação

PMs flagrados agredindo manifestantes sentados e rendidos são afastados

Agressão teria ocorrido após dispersão do protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no último domingo (7)

Por LUÍS ADORNO E ALEX TAJRA (UOL/FOLHAPRESS)
Publicado em 10 de junho de 2020 | 19:28
 
 
 
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Seis policiais militares estão afastados do trabalho operacional sob suspeita de terem agredido manifestantes que estavam sentados e rendidos na rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, São Paulo. A agressão teria ocorrido após dispersão do protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no último domingo (7).

Por meio de nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que os seis PMs "respondem a um procedimento apuratório que é acompanhado pelo Comando de Policiamento da Capital e pela Corregedoria. Todos os envolvidos serão reorientados e retreinados, de acordo com os procedimentos operacionais padrão da instituição".

O tenente-coronel Emerson Massera, porta-voz da PM, explicou que "eles foram encaminhados para receberem treinamento e reinstrução, conforme determinou o governador (João Doria). Logo, estão fora das atividades operacionais". A SSP complementou que "a PM não tem compromisso com o erro e não compactua com desvios".

Na segunda-feira (8), após as imagens das agressões dos policiais terem repercutido nas redes sociais, Doria (PSDB) classificou "cerca de 60" manifestantes como "baderneiros" e afirmou que "a polícia agiu de forma correta, evitando danos ao patrimônio privado e público e a ação de vândalos".

"Algumas imagens que circularam hoje (segunda-feira) de PMs de São Paulo estão sendo analisadas. A orientação dada pelo governador é que, se houve erro, que sejam punidos", acrescentou Doria.

O ouvidor das polícias de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, foi até a manifestação, na noite de domingo, ajudar na negociação entre manifestantes e PM, para que o ato fosse encerrado no metrô Clínicas sem conflitos. Enquanto ele cedia entrevista ao "UOL", houve um conflito entre manifestantes e PMs atrás do ouvidor.

Enquanto barulhos de bombas ecoavam na rua dos Pinheiros, onde cerca de 200 manifestantes permaneciam no início da noite de domingo, o ouvidor dizia que os barulhos não eram de bombas e que a PM havia agido de maneira totalmente correta.

Após visualizar as agressões ocorrendo ao seu lado, o ouvidor afirmou que os PMs apenas haviam reagido. Questionado sobre como ele soube da dinâmica do ocorrido, já que estava de costas para a confusão, Lopes não soube responder. Na mesma noite, porém, novas imagens forçaram o ouvidor a mudar seu posicionamento.

Após imagens mostrarem PMs agredindo manifestantes já rendidos e sentados em ruas próximas de onde o ouvidor estava, ele pediu que a ação fosse investigada pelos órgãos competentes.

Segundo a Ouvidoria das Polícias, "uma vez identificados os policiais envolvidos, que eles sejam afastados pelo menos até o fim das apurações".

Segundo nota da SSP divulgada na noite de domingo, ao menos 32 pessoas foram detidas em manifestações que ocorreram no decorrer daquele dia. A pasta afirmou que PMs "atuaram para proteger as pessoas, manifestantes ou não, e cumprir a lei", mas não mencionou os vídeos que flagraram agressões de policiais.

Questionado, o Ministério Público de São Paulo afirmou que vai acompanhar as investigações.

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