Um típico caso de ostracismo foi o do carioca Wilson Simonal de Castro (1938-2000). De origem humilde, filho de uma empregada doméstica, ele era cabo do exército quando alcançou projeção nacional nas décadas de 1960 e 1970.
Foi lançado no meio musical por Carlos Imperial no programa Os Brotos Comandam e por Luiz Carlos Miéle e Ronaldo Bôscoli para o Beco das Garrafas, reduto da bossa nova.
De acordo com o jornalista Ruy Castro, Simonal era o máximo para seu tempo: grande voz, um senso de divisão igual aos dos melhores cantores americanos e uma capacidade de fazer gato e sapato do ritmo, sem se afastar da melodia ou apelar para os scats fáceis.
Em 1972, o cantor foi considerado colaborador das Forças Armadas e informante do DOPS. Houve controvérsia. Caiu em absoluto esquecimento a partir da década de 1980. Tornou-se deprimido e alcoólatra, vindo a morrer de cirrose hepática.
Em 2009, Cláudio Manoel dirigiu o documentário Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei e declarou: Simonal pagou uma pena dura demais, desproporcional ao que ele fez, porque sua condenação foi até o fim da vida. Para ele, não teve anistia. (AED)