Funcionários da USP (Universidade de São Paulo) têm feito um protesto silencioso em apoio as vítimas de estupro, homofobia e racismo dentro da universidade. Nesta semana, alunas relataram na Assembleia Legislativa os abusos sofridos durante festas da Faculdade de Medicina da USP.
A funcionária da USP, Diana Assunção, de 29 anos, diz que a ideia é dar apoio as vítimas e acabar com o silêncio que existia dentro da faculdade sobre o assunto."Foi quebrado o pacto de silêncio que existia na faculdade. Isso precisa ser discutido para lutarmos contra toda a forma de opressão", comenta Diana.
"A ideia é ampliar a campanha e que os casos sejam denunciados. Os agressores não podem ficar impunes", diz Diana, que é diretora do Sintusp (sindicato dos funcionários da USP).
A diretoria do Sintusp divulgou uma nota onde pede que seja feita uma ampla campanha contra a violência e pede atenção dos funcionários da USP para repudiar "com firmeza toda a violência e estupro contra as mulheres", encerra a nota.
Procurada após os casos virem à tona, a Faculdade de Medicina da USP informou que "se coloca de maneira antagônica a qualquer forma de violência e discriminação (com base em etnia, religião, orientação sexual, social) e tem se empenhado em aprimorar seus mecanismos de prevenção destes tipos de casos, apuração de denúncias e acolhimento das vítimas."
A instituição informou ainda que criou uma comissão com professores, alunos e funcionários para "propor ações de caráter resolutivo quanto aos problemas relacionados às questões de violência, preconceito e de consumo de álcool e drogas."
A Folha de S.Paulo mostrou na edição desta sexta-feira (14) que o médico patologista Paulo Saldiva, 60, que presidia a comissão que apura as denúncias de abuso sexual na USP, pediu afastamento da instituição nesta quarta (12).
Ele está de licença-prêmio (90 dias de licença sem prejuízo dos vencimentos), mas diz que deixará o cargo de professor titular que ocupa na universidade desde 1996.
A decisão veio após audiência pública na Assembleia Legislativa em que foram relatados oito casos de violência dentro da USP, entre os quais dois de estupro em festas organizadas na universidade.
À Folha de S.Paulo Saldiva afirma que "cansou de engolir sapo" e que o escândalo foi a "gota d'água" para sua saída, embora existam outras causas como o desejo de parcerias com outras universidades, o que é vetado hoje pelo regime de trabalho na USP (dedicação exclusiva).