O vice-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rodrigo Stabile, afirmou nesta segunda que o vírus da zika se propaga de maneira mais rápida do que o da dengue.
De acordo com ele, após a primeira epidemia de dengue no Rio de Janeiro, a doença levou cinco anos para atingir todo o território brasileiro. Mas com o vírus da zika é diferente. O novo mal está atingindo o mesmo patamar em apenas um ano.
Em entrevista ao portal G1, Stabile afirmou que um dos motivos para a disseminação mais rápida é a fácil adaptação do vírus ao corpo humano. Além disso, o causador da zika também está bem adaptado ao seu vetor de transmissão, o mosquito Aedes aegypt, o mesmo que transmite a dengue e a chikungunya.
Tanto o vírus da dengue como o da zika são da mesma família, mas causam sintomas diferentes. Enquanto o da dengue é mais agressivo e provoca sintomas mais aparentes, o da zika agride menos o ser humano. Já o chikungunya é de uma outra família e é muito mais agressivo.
A Fiocruz conseguiu descobrir que o vírus da zika pode ser, inclusive, encontrado na saliva e na urina de pessoas infectadas. Mas ainda não está provado se a doença pode ser realmente transmitida por esse meios.
Vacinas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta sexta que pelo menos 12 grupos pesquisam atualmente vacinas contra o vírus zika – todas em estágio inicial de desenvolvimento. A disponibilização das doses devidamente registradas, de acordo com a entidade, pode levar ainda alguns anos.
Segundo a OMS, estudos estão sendo realizados com base em terapias preventivas que funcionariam da mesma forma que a profilaxia para malária. “O uso de fumacê seguido da liberação controlada de mosquitos geneticamente modificados pode ser considerado oportuno para travar a propagação do zika”, informa a entidade.
A organização destacou ainda que trabalha para estabelecer redes de apoio regulamentares com o objetivo de acelerar a realização de testes clínicos em diversos países. Outra estratégia adotada pela OMS consiste no compartilhamento de amostras e informações.
“O diagnóstico, hoje, é uma urgência para que se possa ter certeza da presença do vírus zika e não de doenças similares e também provocadas por outros flavivírus transmitidos por mosquitos. Poucos testes diagnósticos estão disponíveis atualmente”, ressaltou a OMS.
Porto Rico receberá ajuda
O governo norte-americano pretende levantar US$ 250 milhões em fundos para ajudar Porto Rico a lutar contra o aumento do número de casos de pessoas infectadas com o zika vírus, após uma autoridade local ter declarado estado de emergência na saúde pública. Porto Rico é um dos territórios dos Estados Unidos. Parte do dinheiro deverá ser destinado a melhorar os serviços de saúde para as mulheres grávidas. Casos de bebês com microcefalia têm sido associados ao zika vírus no país.
Obama quer quase US$ 2 bi contra zika
Washington, EUA. O governo norte-americano vai pedir ao Congresso para libertar US$ 1,8 bilhão para financiar ações de prevenção ao vírus Zika, anunciou nesta sexta a Casa Branca, em comunicado.
A maioria dos casos de infecção pelo vírus nos Estados Unidos é de pessoas que viajaram para as zonas mais infestadas pelos mosquitos que transmitem a doença. As autoridades sanitárias norte-americanas confirmaram ainda um caso de transmissão por via sexual.
Os fundos deverão ser usados para preparar melhor o país para o impacto da doença que está se propagando muito rapidamente na América do Sul e Central, bem como em Porto Rico, que é um território norte-americano.
As autoridades temem especialmente que, com a chegada da primavera e o verão, os mosquitos portadores do Zika consigam chegar aos estados meridionais dos EUA.