A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) continua interessada em comprar parte da Light Distribuidora, apesar da resistência do governo do Rio de Janeiro, onde fica a sede da empresa.
Na terça-feira o vice-governador do Estado, Luiz Paulo Conde, enviou à Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) projeto de lei que proíbe a possível aquisição do controle da Light pela estatal mineira.
Ontem, o Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico e presidente do Conselho de Administração da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Wilson Nélio Brumer, afirmou que Conde é a única pessoa contrária ao negócio e que técnicos do próprio governo do Rio aprovam a compra.
"Jamais iremos participar de um empreendimento sabendo que não somos bem-vindos pelo governo e pela comunidade do local. No caso da Light, o vice-governador do Rio de Janeiro é a única pessoa que não gostaria de ter a Cemig participando do bloco de controle da empresa. Todos os técnicos do governo do Rio estão entusiasmados com a nossa entrada no capital da companhia fluminense", afirma Brumer.
Para o consultor Walter Luiz de Oliveira Fróes, da CMU Consultoria, a tentativa de impedir a entrada da Cemig no controle da empresa do Estado vizinho não passa de bairrismo.
Ele afirma que a estatal mineira é a empresa mais qualificada tecnicamente para assumir a gestão e melhorar os resultados da Light na distribuição de energia.
Um exemplo da eficiência da Cemig é o índice de perda de energia, que é de 9% em Minas e salta para 25% no Rio de Janeiro. Fróes diz ainda que as duas empresas são complementares e têm redes em zona de fronteira.
Consórcio
A Cemig é uma das empresas que manifestaram ao banco Goldman Sachs interesse em comprar os ativos da Light. A companhia mineira seria minoritária em um consórcio liderado pela Andrade Gutierrez e por um grupo do ex-presidente da Eletrobrás, José Luiz Alquéres.
Pelo projeto elaborado pelo vice-governador fluminense, ficaria vedada a compra de concessionárias de serviço público no Rio por empresas consorciadas, controladas ou que detenham o controle, direta ou indiretamente, de concessionária do mesmo serviço público em outro Estado, seja estatal ou não.
De acordo com Luiz Conde, o objetivo do projeto de lei é impedir que o poder decisório sobre as ações da distribuidora fluminense fique fora do Rio. Para ele, se as futuras decisões sobre a Light ficassem nas mãos da Cemig, a situação criaria um constrangimento para o governo do Rio de Janeiro.
A aquisição da Light faz parte da estratégia da Cemig de ampliar sua participação no mercado nacional de energia. Com a compra da companhia fluminense, a empresa alcançaria participação de 20% no mercado brasileiro de distribuição.