Com menos lançamentos no mercado imobiliário, fruto da incertezas econômicas e políticas, além do receio de atraso na entrega das chaves, o consumidor tem preferido cada vez mais comprar imóveis usados, segundo especialistas do setor. “No ano passado, a cada um imóvel novo vendido na capital, eram comercializados, em média, três usados. Em 2014, o número de usados passou para quatro contra um”, observa o presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI) e do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Otimar Bicalho.
O presidente da rede Netimóveis, José De Filippo Neto, também verificou o aumento do interesse pelos imóveis já prontos, sejam eles novos ou usados. “No imóvel pronto, o morador sai do aluguel imediatamente. Ele troca o aluguel pela parcela do financiamento. A escolha pelo imóvel pronto tende a se acentuar em períodos marcados pela volatilidade do mercado. Afinal, as pessoas querem segurança”, analisa. Quem compra imóvel na planta paga duas contas até que ele fique pronto – a da obra e a do lugar onde já mora. Fora o risco de atraso na entrega.
Expectativa. Para quem pensa que o preço dos imóveis vai cair em 2015, especialistas afirmam que o cenário é improvável. Para eles, a previsão é de estabilidade nos preços ou de correção dos valores pautada pela inflação do período. “Já passou a fase de acomodação de preços. O que aconteceu, em muitos casos, foi a redução da margem de lucro de alguns investidores, já que a oferta de imóveis no mercado aumentou. Assim, muitos compradores tiveram a oportunidade de conseguir um preço melhor. Agora, cair preço em 2015, sem chance”, diz De Filippo Neto.
O aumento na oferta de imóveis foi fruto do boom do setor, com imóveis que começaram a ser colocados no mercado para venda ou locação neste e no próximo ano.
Levantamento do portal de imóveis VivaReal, que entrevistou corretores, imobiliárias e incorporadoras em todo o país, mostrou que a perspectiva é de estabilização de preços para 56% dos entrevistados. Sobre transações de venda e aluguel, 38% dos entrevistados disseram acreditar em uma diminuição nos números.
O diretor comercial do portal, Lucas Vargas, também não aposta em recuo dos preços dos imóveis nos últimos meses deste ano e em 2015. “A perspectiva é de valorização dos imóveis, mesmo que não seja nos patamares de anos anteriores”, observa.