Ao contrário do estereótipo, tecnologia e envelhecimento são compatíveis. Mas esse mercado ainda é pouco explorado. “Os idosos participam ativamente de grupos de WhatsApp e usam muito o Facebook”, diz Layla Vallias, cofundadora da Hype 60+, consultoria especializada no consumidor sênior. Conforme o levantamento Tendências do Mercado Prateado de Minas Gerais, conduzido por Pipe.Social e Hype60+ sob encomenda da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), 80% dos chamados “prateados” possuem computador ou notebook, e 90% dos mineiros com mais de 55 anos têm smartphone.
Mais antenados com as inovações tecnológicas, os idosos começaram a encontrar plataformas e aplicativos voltados para eles. Entretanto, os negócios destinados a esse público ainda são incipientes no país. Segundo estudo feito pela Hype60+ e pela MindMiners, no início de 2018 quase 60% dos idosos reclamavam da falta de produtos e serviços adequados a suas necessidades.
A professora Ivanir Nunes Diniz, 60, acredita que a população está envelhecendo, mas parece que o mercado não enxerga isso. “Falta olhar para esse público. E não é só no que se refere à tecnologia. Eu, por exemplo, tenho dificuldade de encontrar roupas, em especial vestidos, pois, ou eles são voltados para jovens, ou são num estilo muito ‘senhora’”, comenta. Para ela, é preciso facilitar mais o acesso à tecnologia. “Vale lembrar que alguns idosos têm dificuldade de aprender, pois nasceram em uma época em que isso não existia, e precisam de ajuda”, observa.
A atendente Antônia de Fátima Alves dos Santos, 63, gosta de tecnologia. “Busco informações e vejo filmes pela internet. Uso o WhatsApp e outros aplicativos, um deles de transporte. Acho importante saber lidar com tecnologia, independentemente da idade, pois facilita muita coisa”, comenta.
Segundo Layla Vallias, a oferta vem crescendo, em especial nos últimos dois anos. “No começo deste ano fizemos um mapeamento de negócios (para o público idoso) e encontramos 141 iniciativas, sendo 81 de empresas e o restante feito por ONGs”, relata. Desses negócios, 40% estão na fase inicial e ainda não têm faturamento. Quase 40% dos empreendedores têm mais de 50 anos, o que indica que estão criando soluções para resolver os próprios problemas. E o mercado tem potencial, já que são 30 milhões de idosos no país, conforme o IBGE.
Levantamento feito pela operadora Tim confirma que os idosos estão na internet: 61% dos clientes da empresa acima dos 60 anos utilizam pacotes de dados, o que pode ser atribuído à popularização da internet pelo celular. O estudo ainda aponta que 63% das idosas utilizam a internet. A preferência deles é por Facebook, WhatsApp e YouTube, nessa ordem.
Site encaminha para emprego adequado
Para as pessoas que estão prestes a se aposentar ou já pararam de trabalhar, mas ainda têm fôlego para continuar na ativa, existe um site, desenvolvido em Minas Gerais, que faz a ponte entre esses profissionais e as empresas: o Consênior. “Somos um banco de dados”, diz o fundador do site, Roberto Rosenbaum. O projeto começou em 2012, mas cresceu neste ano.
Presente nas redes sociais, o Trampolim 60+ produz, desde 2016, conteúdos voltados para aposentadoria e longevidade com qualidade de vida. Idealizadora do projeto, a terapeuta ocupacional Cecília Xavier conta que a ideia surgiu de sua vivência profissional e ganhou força com o mestrado. “As pessoas não se preparam para a aposentadoria. Muitas vezes, contam os dias para que isso ocorra, mas não se planejam”, diz.
Em São Carlos, no interior de São Paulo, existe a EuVô (euvocomvoce. com.br), uma espécie de “Uber dos idosos”. Além de levar a pessoa ao destino final, o motorista a acompanha o idoso, seja no supermercado, na feira, em consulta médica, entre outros compromissos. Na hora do cadastro, o idoso precisa informar, por exemplo, se tem algum problema de saúde, para que o motorista/acompanhante se prepare.
Serviços com foco na saúde crescem
Uma das iniciativas mineiras destinadas aos maduros é a plataforma eletrônica MedLogic, que faz uma avaliação da saúde do idoso, reconhecendo seu nível de risco. “A estratificação de risco permite a classificação do idoso em ‘robusto’ ou ‘frágil’ e direciona as intervenções. Dessa forma, a assistência será mais adequada”, explica o fundador e presidente da empresa, Daniel Melo. De acordo com ele, entre outras vantagens, o software ajuda na redução dos erros médicos.
Também voltada para os cuidados com a saúde, a plataforma Cori Saúde foi desenvolvida pelos então estudantes de nível médio da Escola do Sebrae Luiza Arantes, Dante Nolasco, Matheus Jorge e Paula Menezes. Pelo app, todos os registros são compartilhados entre cuidadores e familiares, que podem acompanhar o dia a dia do paciente em qualquer lugar. Também são gerenciados os medicamentos e sinais vitais, como pressão e temperatura.
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Plataformas e aplicativos, enfim, descobrem os idosos
Empresas não se prepararam para o uso de tecnologia pelos mais velhos
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