Deputados da Frente Parlamentar contra a Privatização de Furnas, criada nesta segunda-feira (12) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pretendem conversar com o presidente da Câmara e pré-candidato à Presidência da República, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para impedir que seja instalada a comissão especial que analisará o projeto que permite a venda da Eletrobras. A instalação da comissão em Brasília está prevista para acontecer nesta terça (13). A mobilização, porém, pode ser em vão. Na segunda-feira, Maia declarou que “com certeza” a comissão começa.
Na semana passada, o colegiado não pôde ser instalado após pedido do PT, contrário ao projeto, para que só fosse estabelecido após as demais comissões temáticas da Casa. Maia, porém, afirmou que a solicitação não poderia ter sido aceita, pois há precedente na Câmara que permite a instalação da comissão especial sem que os demais colegiados permanentes estejam funcionando.
“Vamos ligar e pedir uma agenda com o Maia”, disse o deputado Emidinho Madeira (PSB). Para ele, o primeiro passo é tentar um diálogo. O deputado Durval Ângelo (PT), líder do governo na Assembleia, afirmou que o governador Fernando Pimentel (PT) é contra a privatização.
Durante o encontro na Comissão de Minas e Energia, o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB) questionou os números de desempenho da Eletrobras e de Furnas apresentados. “A Eletrobras é viável sim”, defendeu.
Deputados e prefeitos de cidades do entorno do lago de Furnas destacaram que a água e a energia estão relacionadas com a soberania nacional e, por isso, não devem “parar nas mãos de Estados estrangeiros”, com destaque para a China – que, segundo Quintão, já estaria interessada. Para eles, a venda de Furnas pode comprometer também a agricultura e o turismo na região.
Tanques na rua. O ex-governador Itamar Franco mobilizou 2.500 homens da Polícia Militar e colocou até tanques nas ruas, em 1999, em resistência à inclusão de Furnas no Plano Nacional de Desestatização, do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Sua ação histórica foi mencionada diversas vezes durante a audiência.
O diretor da Associação de Empregados de Furnas, Felipe Sousa Chaves, deu exemplo do que aconteceu em outros países com a privatização do setor elétrico. “Desde que a EDP foi vendida para os chineses, a tarifa de energia em Portugal se tornou a mais alta da Europa”, diz. (Com agências)
Empregados temem onda de demissões
O número de empregados de Furnas Centrais Elétricas – empresa de economia mista subsidiária do Sistema Eletrobras – deve cair, na avaliação do diretor da Associação de Empregados de Furnas, Felipe Sousa Chaves. “O presidente da Eletrobras tem uma meta de dividir o número de empregados pela metade”, diz. Em Minas, há cerca de 600 funcionários. Ele acredita que o parque gerador da Eletrobras vale por volta de R$ 370 bilhões, e o governo pretende privatizar por R$ 12 bilhões.