A direita rachou, tal como já havia acontecido com a esquerda nos últimos anos. A convocação de protestos para o próximo dia 26 colocou aliados que estiveram sempre juntos nos combates contra o PT travando discussões públicas. Os que rejeitaram participar dos atos convocados pelo núcleo mais nervoso do bolsonarismo acabaram apanhando nas redes sociais.
No PSL, a deputada federal Carla Zambelli (SP) e o senador Major Olímpio (SP) estão no grupo dos que querem ir para a rua. A líder do governo no Congresso, Joyce Hasselmann (SP), o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE) e a deputada estadual Janaina Paschoal (SP), por outro lado, são críticos da ideia.
O conflito também envolveu movimentos de rua que defenderam o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Os dois principais deles - o Vem pra Rua e o Movimento Brasil Livre (MBL) - se recusaram a convocar seus seguidores para a batalha que o bolsonarismo quer travar no domingo.
Entre os empresários, Flávio Rocha, da Riachuelo, e Luciano Hang, da Havan, que estavam juntos em movimentos que se declaram apartidários, também tomaram caminhos distintos. O primeiro quer distância dos atos, enquanto o segundo não abre mão de ir.
O que se percebe é que o núcleo bolsonarista está diminuindo. Quem aderiu apenas pela ojeriza ao PT começa a recuar. Quem defende o capitão contra tudo e contra todos permanece cada vez mais fiel ao presidente e quer radicalizar.
Isso fica visível nas pesquisas de opinião. O levantamento do Atlas Político revelado ontem mostra que pela primeira vez a taxa de ruim e péssimo na avaliação de governo, agora em 36,2%, superou a de ótimo e bom, que somou 28,6%. Outros 31,3% avaliam o governo como regular.
Em meio à guerra com o Congresso, só o apoio popular salva o presidente. Se Bolsonaro opta por perdê-lo ao permitir que seu núcleo mais fiel expulse de seu entorno os mais moderados, em breve sua situação tende a se agravar.
Ouça o comentário do editor de política de O Tempo, Ricardo Corrêa: