Maior bloco do mundo

Por que Galo da Madrugada arrasta milhões em Recife? Foliões respondem

Cortejo com mais de 2 milhões de foliões de todas as partes do Brasil desfilou pelas ruas da capital pernambucana neste sábado (10.2)

Por Renata Evangelista
Publicado em 10 de fevereiro de 2024 | 16:02
 
 
 
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Mais de dois milhões de foliões pularam, cantaram, brincaram e seguiram o Galo da Madrugada, neste sábado (10), em Recife. Frevo, brega, maracatu, axé, sertanejo, MPB e muitos outros ritmos embalaram a multidão no maior bloco de rua do mundo.

 A folia começou pouco depois das 10h, quando 30 trios elétricos percorreram 6,5 quilômetros pelas ruas da capital pernambucana. Pessoas de várias partes do Brasil participaram da festa. Mas, afinal, por que o cortejo que tem como símbolo uma gigantesca escultura de gesso - em formato de Galo -, atrai tanta gente?

 

“É o lugar onde todas as gerações se encontram, o lugar onde todas as cores, todos os ritmos e orientações sexuais se reúnem. É o lugar para abraçar o mundo”, definiu Júlio Guimarães, que há mais de 20 anos acompanha o cortejo.

 

Já Danilo Nascimento de Lima considera o Galo “incrível”, pois junta “blocos com diversidades culturais, que tocam do frevo a músicas atuais. É democrático, pois aqui tem pessoas de todas as idades”, destaca.

 

O Galo da Madrugada realmente é plural. Apesar da lotação, no bloco é possível encontrar desde crianças de colo acompanhadas dos pais até idosos. Os jovens, claro, também marcam presença em peso no desfile.

 

A designer Maria da Conceição Araújo deixou Salvador, que também tem tradição na festa de momo, para curtir o Galo. “A experiência está sendo fantástica. A atmosfera aqui é surreal. Todas as pessoas, das mais variadas idades, brincam na mesma empolgação”, descreveu.

 

Caso da idosa Carmelita Rosa e da pequena Yasmim Miranda. A primeira, que tem 67 anos, saiu de Olinda para curtir o desfile em Recife.  “O Galo tem muita energia, muito amor e muito brilho. Aqui a gente faz amizades e desfruta de um carnaval multicultural”, disse. Yasmim, por sua vez, participa pela brincadeira. “Já é tradição, venho todos os anos com meus pais”, disse a menina de apenas 7 anos.

 

Galo da Paz

 

Neste ano, o Galo da Madrugada homenageou o cantor Reginaldo Rossi e criou o desfile sob o alicerce do tema paz. A palavra, inclusive, foi  escrita nas penas da cauda em 16 idiomas. O branco foi a cor predominante da escultura, que ganhou ainda os tons dos cinco continentes: amarelo (Ásia), preto (África), vermelho, (América), azul (Europa) e verde (Oceania).

 

Mais de 90% do material que vestiu a estrutura foi resgatado de descarte de materiais e reaproveitamento de resíduos tecnológicos, como dois mil metros de lonas de materiais publicitários, além de 10 mil CDs e DVDs, frutos de doação.

 

Foram usadas mil penas ‘penas’ feitas das lonas plásticas de 1,10 m X 40 cm na técnica Arte Plumária Upcycle.

História do Galo da Madrugada

O bloco surgiu em 1978, com apenas 75 pessoas. Com o passar dos anos, o Galo da Madrugada foi crescendo e, em 1995, passou a ser montado na Ponte Duarte Coelho, em comemoração ao título de maior bloco de Carnaval do mundo, título recebido em 1994, pelo Livro dos Recordes (Guinness Book). Na ocasião, 1 milhão de foliões participaram do cortejo. Em 2023, foram 2,5 milhões e, neste ano, a expectativa dos organizadores é repetir a marca.

(*) A jornalista viajou a convite da Prefeitura Municipal de Recife

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