Domingo (08/12) é dia da Volta Internacional da Pampulha. No mesmo fim de semana, mas em outro ponto de Belo Horizonte, um ultramaratonista de 25 anos pretende percorrer distâncias menos tradicionais na capital. O engenheiro de software Bruno Monteiro quer correr todas as ruas limitadas pela avenida do Contorno, em um trajeto que estima em 145 km e 30 horas quase sem parar.
“Sou viciado em aventuras, não só em corridas. Gosto de fazer projetos, algo que você planeja, parece difícil para caramba e consegue executar. É loucura. Temos que fazer coisas memoráveis na vida ou ficamos muito na rotina. São essas as coisas que você não esquece. E, quanto mais absurdo, mais memorável”, introduz o jovem.
O percurso segue uma lógica própria. Para desenhá-lo, Bruno precisou enfrentar o “Problema do Carteiro Chinês”. Imagine que um carteiro precisa entregar cartas em todas as ruas de determinado local. O ideal seria que não passasse duas vezes pela mesma rua ou, caso isso fosse impossível — e, frequentemente, é —, que o trajeto fosse o mais curto possível. Encontrar esse caminho é um clássico da programação, em que ele é chamado de “Problema do Carteiro Chinês”.
Com base em programação, o caminho de Bruno pelas ruas da Contorno não percorre bairro a bairro, e sim ziguezagueia por diferentes regiões. A ideia de Bruno é começar no sábado (07/12) de manhã e correr durante cerca de 30 horas, com pausas somente para comer.
Veja o trajeto no gif:
Não será a primeira empreitada dessa distância realizada por ele. Neste ano, ele percorreu 160 km e conectou Belo Horizonte às antigas capitais de Minas, Mariana e Ouro Preto. O percurso foi transformado em um documentário disponibilizado no YouTube. Ele garante que o sono não será um empecilho mesmo depois de passar mais de 24 horas sem dormir. “Já fiz trilha até de 200 km e pouco sem precisar dormir. Mas tem gente que sente muito sono, corre e parece que está bêbada, aí a galera tira um cochilo. Comer não é um problema. Como tem muitos estabelecimentos no caminho, será fácil”, diz.
Bruno explica que está acostumado a ultramaratonas em trilhas — a diferença para as maratonas são as distâncias superiores a 42.195 km. Os obstáculos da cidade são outros: “há desafios como semáforos, o barulho, tudo isso pode dificultar de formas imprevisíveis”. Nos inevitáveis morros que encontrará pelo caminho, a saída será caminhar, admite. “Só os melhores do mundo têm preparo para correr nessas subidas”, pontua.
BH se torna pista de corrida além da Pampulha
Além dos clássicos percursos na orla da lagoa da Pampulha, Belo Horizonte tem se fortalecido como um polo da corrida de rua, com grupos de desconhecidos que se encontram periodicamente para correr. Confira duas opções:
Calma Clima (@calmaclima). O grupo se reúne para correr em diversos bairros — e com diferentes níveis de dificuldade —, geralmente nas noites de terça-feira.
Corre Capivaras (@correcapivaras). Com encontros nas noites de quinta-feira, partindo da região Centro-Sul, o Corre Capivaras projeta percursos para desenhar formas no mapa de BH — como uma taça de vinho, um avião ou um coração.