Minas Gerais ocupa o 5º lugar em um ranking de estados com mais registros de violência contra pessoas transsexuais no Brasil. Os dados são do último dossiê divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), em janeiro de 2024, com informações referentes a 2023. Neste domingo (5 de janeiro), uma mulher transsexual conhecida como Jeane Lui, de 32 anos, foi morta a tiros em um bar após uma discussão. A polícia ainda investiga se o crime foi causado por transfobia. No dia 29 de janeiro se comemora o Dia Nacional da Visibilidade Trans, quando um novo documento com dados atualizados de violência contra pessoas transsexuais deve ser publicado.

Segundo o dossiê “Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2023”, entre 2017 e 2023 foram registrados 80 mortes por violência de pessoas trans, sendo 11 em 2023. O Brasil ainda lidera o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans há 15 anos consecutivos. Em 2023, foram registrados 155 casos de mortes no país, dos quais 145 foram assassinatos e 10 suicídios.

Quando se trata de homicídio, as principais vítimas são as mulheres transsexuais, especialmente negras. Um estudo realizado pelo Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBTQIA+ (NUH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificou que pessoas negras e jovens são as mais atingidas pela violência contra trans e travestis no estado.

Entre 2014 e 2022, foram registradas 151 vítimas, sendo que 58,9% dos casos resultaram em mortes violentas consumadas. Das 89 mortes violentas identificadas no período, 74,6% das vítimas eram negras e 39,3% tinham entre 18 e 29 anos. 

A pesquisa foi realizada em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais e utilizou dados de registros policiais, notificações de movimentos sociais e informações da imprensa.

Morte de mulher trans em BH

Uma mulher trans de 32 anos foi assassinada neste domingo (5 de janeiro) em um bar na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Segundo informações da Polícia Militar, o crime aconteceu após uma discussão. Os suspeitos fugiram do local, deixando mais de dez cápsulas de munição ao lado do corpo. A vítima, que residia no Morro do Papagaio, tinha passagens pelo sistema penitenciário por tráfico de drogas.

Ela também era integrante da escola de samba Cidade Jardim, a maior campeã do grupo especial do Carnaval da capital, com 16 títulos. Chamada de Jeane, a vítima era responsável em organizar os figurinos dos desfiles. De acordo com o presidente da escola, Alexandre Silva Costa, ela também era conhecida na comunidade como 'Jeje Sucesso' e integrava a escola de samba há muito anos.

A polícia investiga se o crime foi motivado por transfobia.

Com informações de Alice Britto