Olhos irritados e vermelhos, inchaço nas pálpebras, secreção ocular e lacrimejamento. Esses sintomas estão relacionados à conjuntivite, inflamação que, desde o início do verão, provocou 29 surtos em Belo Horizonte, conforme dados repassados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). O surto é registrado, conforme a pasta, quando há um aumento no número de casos de uma doença de acordo com o histórico do território. Especialistas alertam que o verão é a época do ano com mais casos da doença, o que pode ser verificado nos números: nos verões de 2022, 2023 e 2024 (entre os meses de dezembro e março), Minas teve 309 surtos de conjuntivite — 46 apenas entre 29 de dezembro de 2024 e 4 de janeiro de 2025.
De acordo com o coordenador do serviço de oftalmologia do hospital Mater Dei, Gustavo Capanema, o verão é um tempo no qual as pessoas, por conta do calor, acabam indo mais ao clube, à praia, viajando e têm contatos com pessoas diferentes em diversos ambientes — fator que propicia a contaminação pelo vírus da conjuntivite. Para evitar a inflamação e o contágio, o especialista indica métodos de higiene eficazes como a principal forma de prevenção.
“Para se proteger de contaminações e transmissões, é necessário manter a mão sempre bem limpa, evitar de coçar os olhos e entrar em piscina sem os cuidados adequados, não usar toalhas desconhecidas e sempre conservar as mãos lavadas em instalações comunitárias. É preciso lembrar que a conjuntivite não tem transmissão pelo ar, por isso a contaminação sempre acontece em contato com uma superfície contaminada e depois levando a mão ou uma toalha aos olhos”, explica Capanema.
A autônoma Aline Batista, de 27 anos, teve a versão alérgica da doença no fim do ano passado. A moradora do Barreiro sentiu coceira, inchaço e vermelhidão no olho. “A minha conjuntivite foi mais branda, fui ao oftalmologista, e ele receitou um antialérgico e um colírio lubrificante. Com o tratamento, a inflamação durou menos de uma semana. Nem precisei usar compressa com soro fisiológico para aliviar o inchaço”, declara Aline.
Tratamento para a conjuntivite
O oftalmologista Gustavo Capanema explica que o tratamento para a conjuntivite é realizado com o uso de colírios antibióticos, frequentemente associados a anti-inflamatórios, além de compressas frias com soro fisiológico. Ele ressalta que não é necessário que a pessoa infectada fique isolada. “Basta que a pessoa contaminada tenha a toalha separada para o uso exclusivo dela e evite contato com superfícies e objetos que as outras pessoas da casa usam como roupa de cama, controle remoto, maçaneta ou copo”, pontua
O farmacêutico da drogaria Araújo Hairton Ayres, esclarece que é fundamental que o paciente tenha um diagnóstico preciso com relação ao tipo da doença — que pode ser de origem viral ou bacteriana. “Ao utilizar o colírio, é muito importante lavar bem as mãos, seguir o intervalo entre as doses e não encostar esse frasco nos olhos, pois o medicamento pode ser contaminado”, ressalta Hairton. Ayres aponta que as compressas de soro podem ser aliadas no tratamento. “Além dos remédios indicados pelo médico e o colírio, é fundamental no tratamento utilizar compressas frias de soro fisiológico em maior porcentagem para ajudar a hidratar os olhos e aliviar a dor causada pela inflamação”, explica.
Minas teve mais de 1.000 surtos entre 2023 e 2025
De acordo com a SES-MG, entre 2023 e 2025, foram registrados 1.089 surtos de conjuntivite em 18 municípios de Minas Gerais. No total, Belo Horizonte lidera o ranking, com 459 surtos. Uberaba aparece na segunda colocação, com 363 surtos. Divinópolis, com 82, Pouso Alegre, com 66, e Diamantina, com 41, fecham a lista dos cinco municípios mineiros com mais surtos no período mencionado.
Dicas da PBH para se proteger da conjuntivite:
Diante dos sintomas da conjuntivite, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) orienta a população a procurar os centros de saúde que, segundo o Executivo, possuem profissionais capacitados para dar orientações quanto ao tratamento e controle.
A PBH indica que os casos de maior gravidade são encaminhados para serviços de referência, com atendimento de urgência. Confira abaixo algumas instruções do órgão para se proteger da conjuntivite:
- Lavar as mãos com frequência ou utilizar o álcool gel a 70%;
- Evitar colocar as mãos nos olhos e coçá-los;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal como maquiagem, toalhas, óculos, travesseiros, fronhas, copos, lenços, lápis;
- Evitar banhos de piscina;
- Evitar locais com aglomerações de pessoas;
- Cobrir o nariz e a boca ao tossir ou espirrar com toalha/ lenço de papel, descartá-los em seguida e lavar as mãos.