As duas pessoas da mesma família que morreram de forma fulminante após participarem de eventos sociais na zona rural de São Francisco, no Norte de Minas Gerais, no fim de junho, não estavam vacinadas contra a Influenza A. A informação foi dada pelo diretor clínico do Hospital Geral Doutor Brício de Castro Dourado, Ítalo Carvalho. Os pacientes foram atendidos na unidade inicialmente com sintomas classificados como "inespecíficos". A primeira etapa da investigação conduzida pelo Ministério da Saúde (MS) para identificar a doença misteriosa que causou as mortes foi concluída nessa sexta-feira (18/7), com um resultado parcial.

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De acordo com o diretor do hospital, exames realizados em uma das vítimas testaram positivo para influenza (infecção respiratória aguda). “E, provavelmente, esse vírus também infectou o segundo caso que evoluiu a óbito”, afirmou Ítalo Carvalho, em informe divulgado pela Prefeitura de São Francisco. Além disso, as amostras apontaram resultados positivos para rinovírus (resfriado comum), parainfluenza tipo 4 (associada a resfriados, bronquite e laringite) e vírus sincicial respiratório (bronquiolite e bronquite).

Esses laudos, embora preliminares, sugerem que as mortes podem ter sido causadas pela combinação de doenças já conhecidas pela ciência. “Uma informação importante que obtivemos é que essas pessoas, infelizmente, não estavam vacinadas contra a influenza. A vacina é fundamental para evitar o agravamento dos quadros”, alertou o profissional.

A investigação, no entanto, ainda não foi concluída, e as análises continuam para determinar a causa exata das mortes. A principal dúvida recai sobre os sintomas hemorrágicos apresentados pelos pacientes atendidos em São Francisco. Uma das hipóteses para a perda de sangue observada nas vítimas era a hantavirose — doença que provoca febre hemorrágica e pode evoluir para insuficiência respiratória grave, levando à morte. Contudo, os testes para hantavírus deram negativo. A investigação também descartou leptospirose e meningite.

Cidade quer vacinar toda a população de risco 

A situação foi classificada como Evento de Importância para a Saúde Pública (EISP) e, até que o surto se estabilize, o Ministério da Saúde tem apoiado uma campanha de vacinação em São Francisco. De acordo com a secretária de Saúde da cidade, Andressa Rodrigues, o objetivo é vacinar todo o grupo prioritário para imunização contra influenza. 

“O plano de ação é vacinar toda a população do município. Grupo de risco, as crianças, as gestantes e os idosos, procurem os postos de vacinação. Também faremos ações nas praças, escolas, asilo e em todas as unidades de saúde, para garantir essa vacinação em massa”, afirmou a secretária.

Doença misteriosa em MG: a investigação

Autoridades de saúde federais, estaduais e municipais apuram os quadros inespecíficos registrados até o momento entre os pacientes atendidos em São Francisco, cidade de 52,7 mil habitantes no Norte de Minas. As vítimas apresentaram sintomas respiratórios e hemorrágicos.

Os primeiros pacientes foram três familiares que participaram dos mesmos eventos sociais — dois na zona rural, nos dias 23 e 24/6, e um na área urbana, em 27/6. Dois deles morreram em curto intervalo de tempo, enquanto um terceiro integrante recebeu alta hospitalar. O estado de saúde de outras dezenas de pessoas segue sob monitoramento. 

Como parte das ações de prevenção à doença misteriosa, um protocolo de sanitização foi aplicado em São Francisco, com a higienização das residências dos casos investigados, além da vizinhança e das unidades de saúde. No Hospital Geral Doutor Brício de Castro Dourado, onde os pacientes estão sendo atendidos, o uso de máscara de proteção tornou-se obrigatório.

Em nota, a Secretaria Estadual (SES-MG), em conjunto com a  Secretaria Municipal de Saúde, orienta a população "a manter a calma e a adotar medidas de prevenção contra influenza e outras doenças respiratórias".

Orientação para a população 

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) orienta que, ao apresentar sintomas como febre, tosse, dor de garganta ou cansaço, o morador deve adotar as seguintes medidas:

• Evite sair de casa.
• Não participar de eventos ou aglomerações.
• Utilizar máscara de proteção.
• Não compartilhar objetos de uso pessoal.
• Higienizar as mãos frequentemente.
• Manter os ambientes ventilados.
• Procurar atendimento médico imediato caso apresente sinais de agravamento (falta de ar, febre persistente, confusão mental ou coloração azulada nos lábios/rosto).