Há três anos como pároco da catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, padre Egídio Duldi afirma que a atitude da igreja em abrir suas portas para as Irmandades de Nossa Senhora do Rosário é a correção de um erro calcado no preconceito.
"Esse encontro representa a recuperação de irmãos de fé que foram deixados à margem pela própria Igreja, devido à idéia de que só se poderia manifestar a fé em nossa senhora com manifestações de origem européia", explica. Segundo o pároco, "uma coisa é a fé, a outra é a forma de se expressar essa fé".
"Nesse caso, são irmãos que têm sua tradição cultural, mas que são católicos da mesma forma. O Brasil é pluricultural, pois recebeu influência européia e africana. Como esses grupos são formados por descendentes de escravos, ficaram marginalizados, não nos importa se eles manifestam sua fé tocando tambores", afirma o pároco.
Segundo o padre Egídio, a nova postura da Igreja ainda não é unanimidade entre os fiéis. "Mas, se a igreja mudou sua visão, os poucos que ainda não vêem com bons olhos a presença dos congadeiros também perceberão que compartilhamos da mesma fé e a manifestamos de forma diferente", garante.