Solidariedade

Adolescente ferido com linha chilena em Betim mobiliza doações de sangue

Garoto de 15 anos foi ferido quando estava voltando de escola de futebol e corre o risco de ter a perna amputada; Hemominas lotou de doares nesta segunda (22)

Publicado em 22 de julho de 2019 | 15:06

 
 
Gabriel, de 15 anos, foi atingido por linha chilena em Betim no sábado (20) Gabriel, de 15 anos, foi atingido por linha chilena em Betim no sábado (20) Foto: Arquivo pessoal

O drama vivido pelo garoto Gabriel Lucas Alves do Nascimento, de 15 anos, que ficou gravemente ferido após ser atingido por uma linha chilena - feita com uma mistura cortante, quatro vezes mais potente que o cerol - em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, enquanto voltava da escola de futebol, mobilizou diversas pessoas em um ato solidário na manhã dessa segunda-feira (22). Ao todo, 71 pessoas procuraram a Fundação Hemominas na cidade para tentar doar sangue para o adolescente, que está internado no Hospital Regional desde sábado (20). Gabriel  teve sua perna cortada por uma linha chinela que estava agarrada em um van, enquanto andava pela avenida José Inácio Filho.

Geralmente, nessa época, por causa do inverno, a Fundação Hemominas enfrenta queda no número de possíveis doadores de sangue, chegando a registrar uma média diária de 35 pessoas. A empresária Katryanne Duarte Alencar, cujo filho jogou bola com Gabriel na equipe de base da Associação Mineira de Desenvolvimento Humano em Betim (AMDH), foi uma das pessoas que foi doar sangue para ajuda o jovem.

"Estamos arrasados com tudo que aconteceu com o Gabriel. Pedimos que haja uma fiscalização das autoridades para  cessar o uso dessa linha chilena, que tem roubado vidas e sonhos de várias pessoas", afirmou a empresária, que também levou o filho, Henrique Duarte Lobato, para doar sangue para Gabriel.

O acidente

Gabriel Lucas Alves do Nascimento voltava da escola de futebol a pé, no sábado (20), na avenida José Inácio Filho, quando uma linha chilena agarrou em uma van do transporte de baixa capacidade, e o motorista, segundo testemunhas ouvidas pela Polícia Militar, não viu o que tinha ocorrido e seguiu pela avenida. A linha passou nas pernas do adolescente e provocou cortes profundos.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e um enfermeiro que passavam pelo local prestaram os primeiros socorros a Gabriel e o levaram para o Hospital Regional de Betim, onde ele está internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI).

“Os médicos disseram que esse socorro foi primordial para salvar meu filho, por causa da grande quantidade de sangue que ele perdeu. Os primeiros procedimentos foram para tentar poupar a vida dele, em preservá-lo, porque ele estava em estado de choque. Ele teve as duas pernas cortadas pela linha chilena, mas a esquerda encontra-se em situação mais grave, porque cortaram as veias, tendões, músculos. Os médicos não descartam uma possível amputação”, afirmou.

Em nota, o Hospital Regional informou que o paciente  sofreu uma grave lesão na perna esquerda causada por linha chilena, mas está estável clinicamente. A necessidade de uma terceira cirurgia vascular está sendo avaliada e a possibilidade de uma amputação não foi descartada pela equipe médica. "O jovem teve lesões dos vernos, artérias e veias da perna esquerda. Está no CTI, consciente, orientado, o quadro de saúde requer cuidados. O jovem está recebendo toda a assistência necessária da equipe médica e de enfermagem do hospital", informou a nota.

Fiscalização

Desde a última quinta (18), a Prefeitura de Betim iniciou uma campanha contra o uso do cerol e da linha chilena no município. Duas blitze já foram feitas, e uma nova está marcada para quarta-feira (24) para ser realizada pela Guarda Municipal.

Fazer o uso de cerol ou outras linhas cortantes produzidas por qualquer tipo de produto em espaços públicos e privados de Betim é crime previsto em lei municipal nº 6.252, de 2017. A multa, em caso de flagrante, é de R$ 2.000 e pode chegar ao dobro em caso de reincidência.

Sonho 

Gabriel voltava da escola de futebol onde treina quando foi atingido pela linha. Segundo a mãe do garoto, ele já jogou em alguns times de Betim e sonhava em ser jogador de futebol. “Ele era conhecido como ‘Feijão’, gostava muito de futebol. Apesar do risco que ainda tem, estamos com muita fé”, disse Regina Alves.

(Com Natália Oliveira)