Socorro pelas mãos

Aplicativo facilita acesso de surdos a serviços de urgência

Professor Éder Júlio Rocha de Almeida desenvolveu ferramenta gratuita que agiliza pedido de ajuda; plataforma deve estar disponível em julho

Por Raquel Penaforte
Publicado em 25 de junho de 2020 | 09:06
 
 
 
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Já imaginou viver uma situação de perigo ou presenciar um acidente grave e não conseguir pedir ajuda? Foi o que aconteceu com um homem surdo, que, por falta de acessibilidade, acabou presenciando a morte do próprio pai. O fato marcou tanto o enfermeiro Éder Júlio Rocha de Almeida, 31, que atendeu a vítima, que ele resolveu fazer algo para mudar essa situação. “Foi angustiante, me marcou muito. Por isso, resolvi criar algo que desse autonomia e segurança a essas pessoas”, contou Almeida, atualmente professor universitário na Unincor Betim, na cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.

Cerca de quatro anos após vivenciar o fato, já durante o mestrado, ele desenvolveu o aplicativo Socorro pelas Mãos, que conecta surdos e pessoas com perda auditiva a serviços públicos e privados de urgência e emergência e garante mais rapidez no atendimento.  “É uma ferramenta muito simples, com interface dinâmica, acessível. Pode ser usado até por pessoas que não sabem ler”, explicou o pesquisador, que é orientado neste projeto por Rosangela Silqueira Hickson. 

O app foi desenvolvido com a ajuda de pessoas surdas e está em processo de patenteamento. Arthur Guimarães Gonçalves dos Santos, acadêmico de enfermagem, e Rackel Raniere Durães Guerra, acadêmica de engenharia de produção, também participaram da pesquisa na fase da prototipagem do aplicativo. A previsão é que esteja disponível para iOS e Android no próximo mês, totalmente gratuito. A ferramenta tem ícones com desenhos que representam as opções de socorro, como afogamento, animais peçonhentos, AVC e outros.

“O aplicativo será exclusivo para pessoas surdas. No primeiro acesso, os usuários deverão se cadastrar, incluir dados pessoais e endereço e comprovar algum vínculo com associações ou entidades representativas dos surdos. A partir do segundo acesso, já será automático”, comentou o pesquisador.

É possível alterar o local de onde é pedido o serviço, e, diferentemente das solicitações feitas por telefone, o usuário pode acompanhar em tempo real o trajeto do socorro, pelo GPS. “Isso vai ajudar a não sobrecarregar o sistema, pois a pessoa vai saber onde o veículo está”, disse. 

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