Volência

Atendimento a mulheres vítimas de agressões aumenta 1.881% em Minas

Em oito anos, número de pacientes na rede pública saltou de cerca de 2.000 para mais de 40 mil

Por Clarisse Souza
Publicado em 26 de novembro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Um levantamento inédito divulgado ontem pelo Instituto Igarapé revela que Minas Gerais viveu uma epidemia de casos de violência contra a mulher entre os anos de 2009 e 2017: em oito anos, o número de vítimas que procuraram o sistema público de saúde após uma agressão saltou de 2.020 para 40.026, um aumento de 1.881%.

Os dados estão reunidos na plataforma Evidências sobre Violências e Alternativas para Mulheres e Meninas (EVA), lançada ontem pelo instituto, no Dia Internacional para Eliminação da Violência contra as Mulheres.

O estudo, que se baseia em dados do Ministério da Saúde, indica que Minas Gerais ficou atrás apenas de São Paulo em número de atendimentos a mulheres alvos de violência no país em 2017. Naquele ano, em 60% dos casos, os agressores usaram a força corporal para atacar as vítimas e, em 10,4%, as armas brancas, como facas.

Apesar de já ser alarmante, o número de casos registrados no período analisado pode ser muito maior. Em nota publicada no estudo, os autores explicam que há grande possibilidade de subnotificação, uma vez que “as pesquisas demográficas e de vitimização oficiais estão desatualizadas”.

Atual

Dados mais recentes, coletados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), mostram que, entre janeiro e outubro deste ano, 121.977 queixas de violência doméstica e familiar contra mulheres foram registradas em Minas, uma média de 401 casos por dia. Em todo o ano passado, houve 145.870 ocorrências do tipo. Já o número de feminicídios – homicídios praticados contra a mulher em decorrência de questões de gênero – chegou a 114 neste ano.

Para a juíza Soraya Brasileiro Teixeira, presidente do 1° Tribunal do Júri de Belo Horizonte, a divulgação de informações sobre violência doméstica pode estar encorajando as mulheres a denunciar e a procurar socorro. “Antes, elas se sentiam tão envergonhadas que não pediam ajuda. Agora, ao perceberem que não estão sozinhas, têm procurado as autoridades, e as estatísticas vêm crescendo”, analisa a juíza.

Mutirão

Os tribunais do júri de Belo Horizonte vão julgar, até a próxima sexta-feira, seis réus acusados de feminicídio ou tentativa de feminicídio. O mutirão faz parte da 15ª Semana da Justiça pela Paz em Casa, promovida no país.

O primeiro julgamento ocorreu ontem, quando um homem foi condenado a sete anos de prisão por tentar matar a ex.

 

 

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