O atestado de óbito entregue à família de Wemerson Felipe de Souza Vieira Santos, de 24 anos, morto durante uma abordagem policial na última quarta-feira (27) em Belo Horizonte, aponta para um possível politraumatismo craniano da vítima. Se confirmada essa como a causa de sua morte, ela iria contra a versão apresentada dos policiais, que disseram que o jovem passou mal e morreu.
Segundo o documento, o laudo do médico legista que executou a necrópsia diz que a causa da morte ainda é indeterminada, mas aponta a lesão, que ainda está em análise. Segundo a irmã da vítima, esta é uma constatação preliminar.
A morte
De acordo com um amigo da vítima, Wilton dos Santos Venâncio, de 26 anos, a abordagem teria acontecido depois que os rapazes saíram da igreja onde trabalhavam capinando a grama, na Vila Pica-Pau, bairro Jardim Vitória, região Nordeste de Belo Horizonte. "A gente estava trabalhando para o pastor, os policiais já mandaram a gente encostar", relatou.
"Ele deu uma banda, depois uma rasteira, daí o menino caiu e bateu a cabeça. Ele conseguiu levantar, mas o policial ajoelhou e deu um mata-leão que ele ficou roxo e desmaiou. Depois o policial veio e o arrastou. Um outro só deu um chute nele, ele suspirou, fez xixi na roupa e veio a óbito", contou.
O rapaz, que foi encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (Upa) do bairro Primeiro de Maio, já teria chegado sem vida.
Versão
Segundo os policiais militares que participaram da abordagem, a vítima teria resistido à batida policial, por isso, os militares tiveram que usar de técnicas não letais para a sua imobilização. Em um momento que ele teria se levantado, o jovem, aparentemente, passou mal e caiu no chão.
Sobre o laudo preliminar que consta na certidão de óbito do rapaz, o tenente coronel Frederico Otoni, comandante do 16° Batalhão, esse documento ainda não é conclusivo. "Tem um laudo mais completo que vai sair. Eu não quero fazer nenhum juízo de valor, porque esse exame que o IML vai fazer é mais complexo", disse.
"Na quinta-feira pela manhã foi instaurado o inquérito policial, e já solicitamos o laudo pericial. Temos que ver ele para saber ao certo. O fato é que temos duas versões, a dos PM's, e das testemunhas", concluiu.
Afastado
O polcial militar suspeito de ter matado o jovem está afastado de suas atividades habituais. "Por segurança, afastei o policial do serviço das ruas, ele permanecerá em exercício interno enquanto concluímos o inquérito”, informou o tenente coronel.
A Polícia Civil informou que o laudo pericial feito pelo Instituto Médico Legal (IML) demora aproximadamente 30 dias para ser concluído. Sobre as informações contidas no atestado de óbito, a instituição disse que os termos usados, como "causa da morte indeterminada" e "politraumatismo craniano" não são usadas normalmente.