Vila Pica-Pau

Atestado de morto em abordagem policial aponta 'politraumatismo craniano'

Laudo do médico legista que executou a necrópsia, porém, diz que a causa da morte do jovem de 24 anos ainda é indeterminada

Por Gabriel Moraes
Publicado em 29 de novembro de 2019 | 19:27
 
 
 
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O atestado de óbito entregue à família de Wemerson Felipe de Souza Vieira Santos, de 24 anos, morto durante uma abordagem policial na última quarta-feira (27) em Belo Horizonte, aponta para um possível politraumatismo craniano da vítima. Se confirmada essa como a causa de sua morte, ela iria contra a versão apresentada dos policiais, que disseram que o jovem passou mal e morreu.

Segundo o documento, o laudo do médico legista que executou a necrópsia diz que a causa da morte ainda é indeterminada, mas aponta a lesão, que ainda está em análise. Segundo a irmã da vítima, esta é uma constatação preliminar.

A morte

De acordo com um amigo da vítima, Wilton dos Santos Venâncio, de 26 anos, a abordagem teria acontecido depois que os rapazes saíram da igreja onde trabalhavam capinando a grama, na Vila Pica-Pau, bairro Jardim Vitória, região Nordeste de Belo Horizonte. "A gente estava trabalhando para o pastor, os policiais já mandaram a gente encostar", relatou.

"Ele deu uma banda, depois uma rasteira, daí o menino caiu e bateu a cabeça. Ele conseguiu levantar, mas o policial ajoelhou e deu um mata-leão que ele ficou roxo e desmaiou. Depois o policial veio e o arrastou. Um outro só deu um chute nele, ele suspirou, fez xixi na roupa e veio a óbito", contou.

O rapaz, que foi encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (Upa) do bairro Primeiro de Maio, já teria chegado sem vida.

Versão

Segundo os policiais militares que participaram da abordagem, a vítima teria resistido à batida policial, por isso, os militares tiveram que usar de técnicas não letais para a sua imobilização. Em um momento que ele teria se levantado, o jovem, aparentemente, passou mal e caiu no chão.

Sobre o laudo preliminar que consta na certidão de óbito do rapaz, o tenente coronel Frederico Otoni, comandante do 16° Batalhão, esse documento ainda não é conclusivo. "Tem um laudo mais completo que vai sair. Eu não quero fazer nenhum juízo de valor, porque esse exame que o IML vai fazer é mais complexo", disse.

"Na quinta-feira pela manhã foi instaurado o inquérito policial, e já solicitamos o laudo pericial. Temos que ver ele para saber ao certo. O fato é que temos duas versões, a dos PM's, e das testemunhas", concluiu.

Afastado

O polcial militar suspeito de ter matado o jovem está afastado de suas atividades habituais. "Por segurança, afastei o policial do serviço das ruas, ele permanecerá em exercício interno enquanto concluímos o inquérito”, informou o tenente coronel.

A Polícia Civil informou que o laudo pericial feito pelo Instituto Médico Legal (IML) demora aproximadamente 30 dias para ser concluído. Sobre as informações contidas no atestado de óbito, a instituição disse que os termos usados, como "causa da morte indeterminada" e "politraumatismo craniano" não são usadas normalmente.

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