Marcada para discutir o aumento da passagem e ampliação do metrô de Belo Horizonte, com a criação da linha 2, de acesso à região do Barreiro, a audiência pública realizada nesta terça-feira (30), na assembleia legislativa, começou em clima de frustração, pela ausência de representantes da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Prefeitura de Belo Horizonte e Vale.
"Não vamos julgar ninguém, mas muitas presenças confirmadas que deveriam estar aqui não compareceram para discutirmos esses pontos. É frustrante, mas seguimos", afirmou o presidente da Comissão de Participação Popular, deputado Jean Freire (PT), responsável pela condução da audiência.
Os convidados debateriam temas relacionados ao aumento da tarifa, que passa, a partir desta quarta-feira (1°), de R$1,80 para R$2,40.
O reajuste será escalonado até março de 2020, quando o preço da passagem atingirá R$4,25, elevação que representa aumento de 136,1%.
"Não é justo esse aumento. Se pegarmos capitais como Rio e São Paulo, temos metrôs muito à frente de nós. Vão elevar o preço sem apresentar obras", apontou Freire.
A criação de uma nova linha, que levaria à região do Barreiro, segunda pauta da reunião, atende à solicitação do Bloco Carnavalesco "Esperando o Metrô", criado há dois anos, na capital. "É interessante quando os blocos fazem a festa, mas também questionam a ordem social", comentou o parlamentar.
Ainda segundo Freire, a verba para construir a nova linha do metrô deveria ser destinada de recursos provenientes de uma contrapartida que a Vale deve à União em função da renovação de suas concessões ferroviárias.
"Estima-se que a Vale pague uma indenização judicial do ano passado, de aproximadamente R$ 700 milhões, por ter abandonado algumas linhas ferroviárias sob sua responsabilidade. A maior parte está em Minas. Se esse recurso vem, não teremos por que não ter a obra", refletiu o deputado.
Com promessa de reuniões e protestos em função do aumento da passagem, o coordenador do bloco "Esperando o Metrô", André Xavier, disse que diversas entidades ligadas ao transporte público estão programadas. A primeira reunião será realizada ainda nesta semana.
"Na próxima quinta, dia 2, nós, o Tarifa Zero, sindicato dos metroviários, e demais representantes da categoria que quiserem participar, vão se reunir às 18h, no Sindicato dos Metroviários. Esse aumento é um absurdo e vamos protestar na justiça e nas ruas", revelou Xavier.
A agenda de manifestações contrárias ao reajuste foram reforçadas pelo delegado sindical Pedro Henrique Martins. "Transporte público não pode ser comercializado, pois é um direito. Já estamos em contato com diversos movimentos e vamos realizar eventos durante o mês de maio contra o aumento da tarifa".
Em nota, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) afirmou que "apesar da sentença ter estabelecido que o reequilíbrio tarifário pudesse ser feito a partir de 1° de maio, a Companhia optou por não iniciar a cobrança amanhã. A CBTU ainda vai estabelecer a data para início do reajuste, o que será devidamente comunicado".
Procuradas, a Prefeitura de Belo Horizonte e Vale ainda não retornaram o contato.