Era para o dia 21 de abril ser uma celebração para Vânia Lúcia Pereira Castro. Na data, quando completaria 54 anos, a auxiliar de cozinha foi entubada por complicações da Covid-19.
Uma semana depois, Lúcia saiu do hospital sem vida, direto para o Cemitério da Consolação, em Belo Horizonte. Deixou para trás um filho de 25 anos, que morava com ela, e uma filha de 27, grávida de nove meses.
"O mais triste foi não ter dado um sepultamento digno para ela. O cemitério até abre a possibilidade de dez pessoas acompanharem o enterro, mas você não vê nada. Eles te entregam uma rosa e um vidro de álcool. Chegam com o caixão lacrado e colocam lá. É isso”, conta uma das sete irmãs de Vânia, Ângela Maria Pereira de Aguiar, de 52 anos.
Os filhos da vítima sequer conseguiram participar do ritual de despedida. A filha porque passou mal e o caçula porque não tinha mais forças. Seis dias antes, ele tinha enterrado a avó paterna, de 84 anos, vítima também pela doença causada pelo novo coronavírus.
“A minha irmã amava a sogra dela. Ela revezava com os filhos nos cuidados dela. A sogra atestou positivo para a doença, e, poucos dias depois, a Vânia começou a sentir os sintomas”, conta Ângela.
Quando a sogra morreu, Vânia já estava entubada.