Após a oferta de BCG, vacina que protege contra as formas graves da tuberculose, ter sido reduzida para um terço em Belo Horizonte, especialistas alertaram, nesta quarta-feira (1º), que a carência deve levar ao aumento no número de casos graves, incluindo versões que estavam menos comuns na sociedade.
Conforme o Ministério da Saúde, "quase não são mais registradas as formas graves da doença", situação que fica ameaçada em caso de falta de imunizantes. Segundo o órgão, a tuberculose é uma doença infecciosa, causada por bactéria, e transmissível por gotículas no ar expelidas por pessoas contaminadas.
A enfermidade afeta prioritariamente os pulmões, mas, como explica a médica pediatra e hebiatra (especialista em adolescentes) Lívia Paiva, há outras condições perigosas, que podem ser fatais.
"É o caso da neurotuberculose, uma tuberculose que invade o sistema nervoso central, e da tuberculose que afeta o pulmão inteiro, ou seja, uma forma mais grave daquela doença que a gente conhece, que é caracterizada 'somente' por uma mancha no pulmão", explicou.
Ela reforça que a ausência de imunizantes contra a tuberculose é negativa para a saúde pública como um todo. Ela lembra que há tratamento para a doença, feito com antibiótico, mas que o 'ideal' é que as pessoas evitem se contaminar, transmitir para parentes e evoluir para casos graves. "Não tem justificativa nenhuma não tomar qualquer vacina", finalizou.
Histórico
A oferta de BCG foi reduzida em todo o país pelo Ministério da Saúde no fim de abril. De acordo com o órgão, há dificuldades na aquisição do imunobiológico e, por isso, a disponibilidade no estoque foi limitada para que não haja desabastecimento.
Em Minas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), ainda não há falta do imunizante. A capital mineira, que recebia 21 mil doses por mês, passou a contar com apenas 6 mil doses da pasta estadual.
Conforme a PBH, o quantitativo é suficiente para manter a vacinação normal na cidade durante o mês de junho. O racionamento de vacina, segundo o Ministério da Saúde, deve continuar ainda por mais seis meses.
Você sabia?
BCG é a sigla para Bacilo de Calmette-Guérin. O nome é uma homenagem aos responsáveis pelo desenvolvimento da vacina, os franceses Jean-Marie Camille Guérin e de Albert Calmette, em 1921.
Quem deve tomar?
O Ministério da Saúde tornou obrigatória a administração da BCG em crianças em 1976. A recomendação é que a vacina seja aplicada em crianças entre 0 e 4 anos, de preferência nas primeiras 12 horas de vida do bebê, ainda na maternidade. A dose é única e oferecida, gratuitamente, nas Unidades Básicas de Saúde.
Após a administração, na maioria das vezes, haverá uma reação no local da aplicação com posterior formação de cicatriz. É importante não colocar nenhum produto, medicamento ou curativo, pois trata-se de uma resposta esperada e normal à vacina.
Além das crianças, a vacina é indicada para pessoas de qualquer idade que convivam com portadores de hanseníase e estrangeiros, ainda não vacinados, que estejam de mudança para o Brasil.
Posicionamentos
O Ministério da Saúde informou que, a partir do mês de abril de 2022, haverá diminuição do quantitativo de doses da vacina BCG a ser distribuída aos estados. Com base nisso, solicitou que os gestores estaduais otimizem e realizem o uso racional desta vacina.
Além disso, reforçou a importância da alimentação oportuna dos sistemas de informação quanto ao registro das doses de vacina administradas e das perdas vacinais.
O informe foi divulgado em 29 de abril de 2022, por meio do OFÍCIO CIRCULAR Nº 80/2022/SVS/MS, disponível aqui. Foi indicado que essa readequação deve perdurar pelos próximos sete meses.
Em relação à situação em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que, até a presente data, não foi constatada falta da vacina BCG no território estadual.
Com informações de Malú Damázio e Ministério da Saúde