ALERTA

BCG: carência de vacina pode 'reavivar' casos graves de tuberculose

Para Ministério da Saúde, piores formas da doença, incluindo versões fatais, 'quase' não são registradas no país

Por Anderson Rocha
Publicado em 01 de junho de 2022 | 18:09
 
 
 
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Após a oferta de BCG, vacina que protege contra as formas graves da tuberculose, ter sido reduzida para um terço em Belo Horizonte, especialistas alertaram, nesta quarta-feira (1º), que a carência deve levar ao aumento no número de casos graves, incluindo versões que estavam menos comuns na sociedade.

Conforme o Ministério da Saúde, "quase não são mais registradas as formas graves da doença", situação que fica ameaçada em caso de falta de imunizantes. Segundo o órgão, a tuberculose é uma doença infecciosa, causada por bactéria, e transmissível por gotículas no ar expelidas por pessoas contaminadas.

A enfermidade afeta prioritariamente os pulmões, mas, como explica a médica pediatra e hebiatra (especialista em adolescentes) Lívia Paiva, há outras condições perigosas, que podem ser fatais.

"É o caso da neurotuberculose, uma tuberculose que invade o sistema nervoso central, e da tuberculose que afeta o pulmão inteiro, ou seja, uma forma mais grave daquela doença que a gente conhece, que é caracterizada 'somente' por uma mancha no pulmão", explicou.

Ela reforça que a ausência de imunizantes contra a tuberculose é negativa para a saúde pública como um todo. Ela lembra que há tratamento para a doença, feito com antibiótico, mas que o 'ideal' é que as pessoas evitem se contaminar, transmitir para parentes e evoluir para casos graves. "Não tem justificativa nenhuma não tomar qualquer vacina", finalizou.

Histórico

A oferta de BCG foi reduzida em todo o país pelo Ministério da Saúde no fim de abril. De acordo com o órgão, há dificuldades na aquisição do imunobiológico e, por isso, a disponibilidade no estoque foi limitada para que não haja desabastecimento. 

Em Minas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), ainda não há falta do imunizante. A capital mineira, que recebia 21 mil doses por mês, passou a contar com apenas 6 mil doses da pasta estadual.

Conforme a PBH, o quantitativo é suficiente para manter a vacinação normal na cidade durante o mês de junho. O racionamento de vacina, segundo o Ministério da Saúde, deve continuar ainda por mais seis meses.

Você sabia?

BCG é a sigla para Bacilo de Calmette-Guérin. O nome é uma homenagem aos responsáveis pelo desenvolvimento da vacina, os franceses Jean-Marie Camille Guérin e de Albert Calmette, em 1921.

Quem deve tomar?

O Ministério da Saúde tornou obrigatória a administração da BCG em crianças em 1976. A recomendação é que a vacina seja aplicada em crianças entre 0 e 4 anos, de preferência nas primeiras 12 horas de vida do bebê, ainda na maternidade. A dose é única e oferecida, gratuitamente, nas Unidades Básicas de Saúde.

Após a administração, na maioria das vezes, haverá uma reação no local da aplicação com posterior formação de cicatriz. É importante não colocar nenhum produto, medicamento ou curativo, pois trata-se de uma resposta esperada e normal à vacina.

Além das crianças, a vacina é indicada para pessoas de qualquer idade que convivam com portadores de hanseníase e estrangeiros, ainda não vacinados, que estejam de mudança para o Brasil.

Posicionamentos

 

O Ministério da Saúde informou que, a partir do mês de abril de 2022, haverá diminuição do quantitativo de doses da vacina BCG a ser distribuída aos estados. Com base nisso, solicitou que os gestores estaduais otimizem e realizem o uso racional desta vacina.

Além disso, reforçou a importância da alimentação oportuna dos sistemas de informação quanto ao registro das doses de vacina administradas e das perdas vacinais.

O informe foi divulgado em 29 de abril de 2022, por meio do OFÍCIO CIRCULAR Nº 80/2022/SVS/MS, disponível aqui. Foi indicado que essa readequação deve perdurar pelos próximos sete meses.

Em relação à situação em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que, até a presente data, não foi constatada falta da vacina BCG no território estadual.

Com informações de Malú Damázio e Ministério da Saúde

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