Quem anda a pé pelo Eldorado, um dos bairros mais conhecidos de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, já deve ter reparado que lá é cheio de becos para a passagem de pedestres. Mas deve ter notado também que, em muitos dos casos, os becos são mal cuidados, devido a problemas como acúmulo de lixo ou ponto de drogas. Por causa disso, moradores da região idealizaram um projeto que deixa esses locais mais agradáveis, alegres e coloridos.
Trata-se do NuBeco, projeto que está em sua segunda edição que, a partir deste sábado (22), vai transformar as passagens estreitas em uma galeria de arte urbana. A partir de hoje, cerca de 40 artistas vão grafitar 20, dos 82 becos ao longo do bairro. A ideia flerta com trabalhos semelhantes realizados em São Paulo (o Beco do Batman) e Nova York, onde concentra, dentre outros, trabalhos do brasileiro Kobra. Além dos grafites, o projeto NuBeco vai instalar placas de identificação nos becos.
À frente do projeto, Rafael Aquino é morador da região e conta que o NuBeco nasceu a partir de uma inquietação coletiva sobre o uso desses espaços. “De que maneira podemos colaborar para a cidade melhorando esses espaços? Levando gente para lá”, observa.
Dessa forma, artistas do grafite foram mobilizados para atuar no projeto. “Depois mobilizamos também moradores da região, porque é uma causa da população como um todo”, pondera Aquino, que faz parte do projeto Move Cultura, desenvolvido em Contagem.
O primeiro beco a receber as cores dos artistas está localizado na rua Monsenhor Bicalho, na altura dos números 312 e 328. Portanto, quem passar por lá ao longo do dia e de domingo (23) já vai poder conferir como vai ficar o trabalho de 25 artistas. “Eles terão liberdade de produzir trabalhos, mas com acordos: nada de conteúdo político que estimule a violência ou de caráter religioso ou pornográfico”, relata.
Segundo ele, esse acordo foi fechado entre artistas e vizinhos, que deram permissão para que os muros fossem grafitados.
Segunda edição
Esta é a segunda edição do projeto NuBeco, desenvolvido pela primeira vez entre 2012 e 2013. “Na primeira fase, a gente via mais um viés de ocupações culturais, com ações como shows e apresentações de poesias dentro do beco. Além de realizar tudo com recurso próprio”, lembrou.
“Hoje a gente quer entregar de fato o espaço revitalizado. A gente descobriu, por exemplo, que dos 82 becos do bairro, 44 têm nome, mas a maioria não tem placa de identificação. Por isso, mandamos fazer essas placas e instá-las. Não sabemos, por exemplo, nem como as pessoas que moram nesses locais recebem suas cartas”, comenta.
Segundo ele, a ideia é que, além de tornar os becos locais mais agradáveis de passagem, é que eles sejam espaços de visitação.