CAC

BH: Homem que matou eleitor do Lula tinha rifle, pistolas e mais de 500 munições

Suspeito de 36 anos confessou o crime, mas alegou ter ficado desorientado após consumir álcool; amigos da vítima acreditam em crime premeditado

Por José Vítor Camilo
Publicado em 01 de novembro de 2022 | 10:22
 
 
 
normal

Um rifle, duas pistolas e mais de 500 munições. Este era o arsenal que foi achado pela polícia na casa e na posse do homem de 36 anos que assassinou, no último domingo (30), o eleitor de Lula (PT) Pedro Henrique Dias Soares, de 28 anos, e baleou outras quatro pessoas no bairro Nova Cintra, na região Oeste de Belo Horizonte. O suspeito tinha registro das armas e certificado de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), documento que é emitido pelo Exército Brasileiro. 

De acordo com a Polícia Militar (PM), uma viatura passava pela avenida Tereza Cristina quando foi avisada por pessoas que um homem teria disparado contra pessoas na garagem de uma casa e fugiu. O suspeito foi avistado pelos militares fugindo a pé pela via e um dos policiais desceu e correu atrás dele, que se escondeu em uma mata perto de uma quadra poliesportiva. 

O suspeito foi localizado instantes depois e, ao seu lado, estavam duas pistolas, uma calibre 9 mm e outra .380. As armas tinham 15 munições e, com ele, foram achados ainda dois carregadores com 17 munições de 9 mm cada, e outro com 15 munições de .380, além de uma faca e uma touca ninja (balaclava).

Já na casa dele, foi achado um rifle calibre .22, 500 munições, os registros das armas e o CAC do suspeito. 

Amigos acreditam que crime foi político e premeditado

O crime foi registrado por volta das 19h45, instantes antes da vitória do ex-presidente petista nas urnas ser sacramentada. Segundo familiares da vítima, informações indicam que o suspeito gritava "Bolsonaro" nas ruas da região instantes antes do crime.

Além disso, eles afirmam que, há poucos dias da eleição, o homem teria feito uma postagem em um perfil já apagado das redes sociais afirmando que, se Bolsonaro (PL) perdesse, ele sairia fazendo "uma desgraça" nas ruas, o que pode indicar a premeditação do crime. 

"A motivação política foi clara. Ele saiu procurando quem comemorava a vitória do Lula", afirmou para O TEMPO Marcela Januzzi, de 25 anos, amiga de Pedro Henrique. "Todas as testemunhas no local afirmaram que ficou clara a motivação política do assassinato. Muito grave isso", completou. 

Suspeito alegou que ficou "desorientado"

Após a prisão, o homem confessou ter atirado e disse que teria passado o dia ingerindo bebidas alcoólicas na casa de um familiar, até que, em dado momento, ficou "desorientado", foi para casa e pegou as armas. Ele alegou ainda que sofre de ansiedade e outros problemas psiquiátricos, mas que há 1 mês não faria uso de medicamentos. 

Na versão dele, armado, ele foi até um beco próximo para "tirar satisfação" com indivíduos sempre usavam drogas no local. Conforme o depoimento dado pelo suspeito aos PMs, ao não encontrar ninguém no beco, ele continuou andando e, em uma rua, ao ver pessoas andando, resolveu atirar de forma indiscriminada. Foi neste momento que ele atingiu duas pessoas, uma adolescente de 12 anos e uma mulher de 40 anos. As duas foram socorridas para a UPA Oeste. 

Logo depois, ele passou pela casa de amigos de Pedro Henrique, onde ele, sua mãe, uma prima e outros conhecidos - a maior parte deles eleitores de Bolsonaro - confraternizavam após a eleição. O homem teria pedido para as pessoas se deitarem no chão e, após eles obedecerem, teria dito "vou atirar assim mesmo" e atirou nas vítimas.

O jovem, eleitor do PT e que usava um adesivo segundo amigos, foi atingido no abdomen e no ombro e acabou não resistindo, falecendo antes de dar entrada no hospital. Além dele, também foram atingidas a mãe do rapaz, de 47 anos, uma prima dele, de 40. 

Polícia Civil investiga o crime

Procurada pela reportagem de O TEMPO, a Polícia Civil informou, por nota, que no dia do crime a perícia fez os levantamentos iniciais e coletou vestígicos.

"O corpo do homem, de 28 anos, foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) Dr. André Roquette, em Belo Horizonte, e já foi liberado. O suspeito, de 36 anos, foi conduzido e ouvido por meio da Central Estadual do Plantão Digital. Ele foi autuado em flagrante pelo crime de homicídio e tentativa de homicídio, e encaminhado ao Sistema Prisional", detalhou a instituição.

A polícia disse ainda que, sobre a possível motivação do crime, nenhuma linha foi descartada. "Outras informações serão repassadas com o avanço dos trabalhos investigativos", finalizou.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!