Belo Horizonte tem quase 180 mil pessoas em atraso com a segunda dose da vacina da Covid-19. Deste total, quase a metade, cerca de 70 mil, são jovens e adolescentes, conforme estudo divulgado na manhã desta sexta-feira pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O boletim foi elaborado com base em dados extraídos da plataforma OpenDataSUS em 6 de dezembro.
De acordo com a publicação, o número de atrasados na capital aumentou 81% em um mês. O principal público ainda a ser atingido com a imunização completa, conforme a pesquisa, é o de adolescentes e jovens. Somados os índices dos grupos com idade entre 12 e 19 anos e de 20 a 29 anos, são 70.522 pessoas que ainda precisam receber a segunda aplicação de imunizante contra o coronavírus.
Em seguida, aparecem os adultos com 30 a 39 anos, em que 46.078 pessoas estão com o esquema vacinal incompleto. O índice também é alto entre pessoas com 40 a 49 anos, com 30.078 atrasados. “O aumento expressivo, em curto espaço de tempo, do número de pessoas que não retornaram para a segunda dose representa um alerta para a saúde pública”, diz trecho do estudo.
No início da semana, em entrevista a OTEMPO, a professora da Faculdade de Medicina da UFMG e pesquisadora coordenadora do observatório de saúde urbana de BH Aline Dayrell já havia demonstrado preocupação com o atraso na segunda dose. Ela relatou que, com a circulação da variante ômicron, será necessário acelerar a vacinação.
“Existe um prazo de cinco meses para a dose de reforço após receber a segunda dose. É uma medida que pode reduzir os possíveis impactos de uma quarta onda no Brasil. Mas para ter o reforço as pessoas precisam tomar a segunda dose”, alertou,
Pretos e pardos lideram índice
Mais uma vez, o estudo da UFMG confirmou o atraso na imunização de pessoas pretas e pardas em BH. Do número total de pessoas que ainda precisam finalizar a imunização contra a Covid-19, 62.143 são pretas ou pardas. O número de brancos não vacinados é de 41.309.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo afirmam que o resultado reforça possíveis desigualdades na vacinação que têm relação direta com questões culturais e sociais. “Ações de vigilância devem ser planejadas no intuito de compreender o perfil desses indivíduos, elaborar estratégias de busca ativa no sentido de promover meios para facilitar a vacinação completa da população”, disseram, em nota.
Minas
Nesta quinta-feira, OTEMPO mostrou que cerca de 2,5 milhões de pessoas ainda não retornaram aos postos para completar o esquema vacinal em Minas Gerais. Mediante o cenário, a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) anunciou que será lançada uma campanha para convocar e estimular a população.