Há mais de um ano, aos poucos e com muito esforço, José Antônio do Carmo, de 59 anos, construía uma casa em frente a uma lagoa em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ele gostava de pescar e pretendia sair da capital e morar em uma cidade menor. No entanto, o sonho foi interrompido, na manhã desta terça-feira (8), quando o imóvel de dois andares, localizado no centro da cidade, desabou.
"O proprietário da obra, que fazia o serviço de pedreiro, estava desenformando a laje. Então, no momento em que ele tirava a estrutura de ferro, a laje veio a sucumbir e cair no pedreiro e no auxiliar dele. O auxiliar conseguiu pular e foi socorrido com ferimentos leves. A princípio eram ferragens e tijolos novos e, possivelmente, a causa foi a cura da laje", explicou o subtenente Júlio César Félix, comandante da 8 Companhia Independente de Polícia Militar.
Ainda conforme o policial, de acordo com informações levantadas preliminarmente, não havia acompanhamento de engenheiro na obra e se tinha alvará.
A Polícia Civil (PCMG) informou que vai instaurar um inquérito policial para investigar o caso.
Susto
A dona de casa Suzilene Martins da Silva, de 40 anos, tinha acabado de sair de casa quando ouviu um outro vizinho gritar por ajuda. Ao retornar para o imóvel dela, já se deparou com os escombros no imóvel da vítima.
"Ele estava aí todos os dias mexendo na casa. Chegava cedinho e ficava até o período noturno trabalhando. Eu não sei precisar bem, mas essa laje já tinha de dez a 12 dias que tinha sido feita. Era uma ótima pessoa, o coração dói muito", afirmou.
Ainda segundo ela, José Antônio gostava muito da cidade. "Ele era apaixonado principalmente com a Lagoa. Gostava demais de pescar. Os amigos todos de Confins eram da pescaria", afirmou.
Abalada, a família não quis conversar com a imprensa.
Auxiliar de pedreiro
O auxiliar de pedreiro de 63 anos foi encaminhada à Policlínica Mãe Quita. Enquanto uma equipe o atendia, outra, acompanhava os trabalhos dos bombeiros na área do desabamento.
"O paciente chegou orientado, consciente e contou o que tinha acontecido. Ele apresentou escoriações nas costas e faces e dois pequenos cortes no couro cabeludo decorrente do material que raspou na cabeça dele. Fizemos o exame neurológico dele, que estava normal, sem déficit. Não houve necessidade de exames de imagens. Ele ficará em observação até o fim do dia", explicou o médico Evandro Dias.
O acompanhante da vítima na policlínica também não quis conversar com a imprensa.