Na Pampulha

Casa dos Anjos: conheça os bastidores das festinhas promovidas por Rodrigo Fiúza

Evento, que recebia o nome de Quartinha, era realizado com a presença de adolescentes e homens mais velhos; Polícia Civil investiga exploração sexual e aliciamento de menores

Por CAROLINA CAETANO
Publicado em 14 de dezembro de 2020 | 18:10
 
 
 
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Toda quarta-feira, a partir das 17h, era o dia e hora marcados para o início da "Quartinha", festa promovida pelo influenciador digital Rodrigo Fiúza, de 48 anos, em uma casa na região da Pampulha, em Belo Horizonte. O evento na "Casa dos Anjos" ou "Casa do Fiúza", como era conhecido o imóvel pelos frequentadores, só acabava quando a polícia aparecia, conforme as convidadas contaram à reportagem de O TEMPO, nesta segunda-feira (14). Fiúza, Loris Deejay, de 20, e outras duas pessoas estão presas e são investigadas pela Polícia Civil por exploração sexual e aliciamento de menores de idade. 

Uma casa mobiliada de alto padrão com área de lazer com piscina e churrasqueira, no bairro Braúnas, era o cenário das resenhas com drogas e bebidas alcoólicas, segundo as entrevistadas. Logo na entrada, dois homens e uma mulher ficavam na portaria. Para ter acesso ao local apenas com nome na lista. Cerca de cem pessoas compareciam a cada evento. Homens pagavam de R$ 30 a R$ 50 na entrada. Meninas entravam de graça.

"Participei de umas cinco festas, costumava chegar lá por volta das 17h. Lá dentro, era vendido bebida e tinha droga também. Muitas meninas preferiam ficar perto da churrasqueira e da piscina. Eu não recebi nenhuma proposta, ele foi muito educado comigo", explicou uma adolescente, que tinha 15 anos quando começou a frequentar a residência. 

No entanto, a jovem afirma que amigas, também menores de idade, se relacionavam com Fiúza e, em troca, recebiam celulares, roupas e viagens. Ainda conforme ela, era comum que ele ficasse com mais de uma menina no mesmo ambiente. 

"Elas sabiam o que acontecia lá, a gente conversava sobre isso. Uma vez conheci uma ruivinha, que tinha uns 14 anos. Falei: 'Tá doida? O Rodrigo tem idade para ser nosso pai'. Perguntei como ela tinha coragem de ficar com o Rodrigo e ela respondeu que era normal. As meninas gostavam do que tinham, todo mundo sabia. Elas gostavam de ficar lá na área da picanha. Se ele errou, tem que pagar, mas tem muita menina que ostentava com tudo que ele proporcionava", afirmou.

"Me prometeu fama, dinheiro e telefone bom", diz adolescente

Ao ver uma colega postando várias fotos de viagem, no ano passado, uma adolescente, à época com 16 anos, se interessou pela possibilidade de conhecer novos lugares.

"Perguntei como fazia pra viajar também, qual seria o valor. Aí pediu para eu chamar o Rodrigo pelas redes sociais. Chamei e ele começou a me cantar, falou que eu poderia viajar, ter muitos seguidores, fama, dinheiro e telefone bom. Falei que poderíamos ser só amigos, mas ele não quis", detalhou. 

A menor conta que Fiúza a convidou para a festa com alguns amigos na "mansão". No local, ela afirma que encontrou homens na faixa de 40 anos e meninas novas. Lá, ela ficou por cerca de uma hora e resolveu ir embora.

"As meninas iam para dentro da casa com ele e voltavam drogadas. Você via nos rostos das meninas que elas estavam estranhas, os cabelos para o alto. Eu fiquei com medo, era muita gente estranha e fui embora. Depois, ele me procurou mais uma vez voltando no assunto da viagem, mas eu disse que não venderia meu corpo e que a relação seria só na amizade. Não tive mais contato", finalizou. 

O imóvel na Pampulha era alugado, e já foi devolvido ao dono. A reportagem de O TEMPO não conseguiu localizar a defesa de Rodrigo Fiúza. O espaço segue aberto caso os defensores queiram comentar o caso. 
 

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