Hotelaria

Casas de aluguel escapam à fiscalização pública e hospedagem requer cuidados

Infectologista dá dicas para aproveitar com mais segurança espaço alugado

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 15 de outubro de 2020 | 18:08
 
 
 
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Nem sempre registradas pelo poder público como serviço de hospedagem oficialmente, casas de aluguel por temporada são uma opção de viagem que exige cuidados redobrados durante a pandemia. Em Belo Horizonte, por exemplo, há protocolos específicos para os hotéis, enquanto os espaços para aluguel ficam fora do radar. 

A plataforma Airbnb, uma das mais populares do ramo, afirma que, durante a pandemia, houve um aumento na busca por destinos “hiperlocais”, a até 300 km do endereço dos hóspedes. Ela elaborou protocolos próprios de segurança, limitando a 16 a quantidade de pessoas por casa e estabelecendo um passo a passo obrigatório de limpeza do ambiente para os anfitriões, por exemplo. Tanto eles quanto os hóspedes precisam assinalar que concordam com as medidas sanitárias.

O infectologista Carlos Starling, membro do comitê de enfrentamento à pandemia de BH, argumenta que os hóspedes não devem se fiar apenas na palavra dos donos do espaço e recomenda que limpem o local quando chegarem, como fariam em sua própria casa. “Se possível, é importante passar álcool nas superfícies da cozinha, banheiro e fazer uma limpeza geral, porque, se houve pessoas no local nas últimas 72 horas, sabemos que o vírus pode permanecer em alguns materiais”, reforça. 

De olho na ventilação, essencial para a prevenção da Covid-19, ele orienta que os hóspedes cobrem do anfitrião a data em que os aparelhos de ar-condicionado passaram por manutenção e, se forem do tipo split, o ideal é mantê-los funcionando por algum tempo antes de se acomodar dentro da casa, além de abrir janelas e portas com frequência para o ar circular. 

O médico lembra, porém, que nenhum desses cuidados é eficaz se o grupo de hóspedes for de amigos que vivem em casas diferentes e não têm a mesma rotina de cuidados no cotidiano, por exemplo. “A primeira preocupação é saber com quem você está viajando, se são pessoas que já estão com você no dia a dia e tomam os mesmos cuidados. Se não, você está indo ao lugar com alguém que pode estar contaminado. Aglomerar é sempre perigoso”, alerta. 

Também é importante conhecer a situação epidemiológica do município que será visitado. Caso seja um local com muitos casos de Covid-19, pode ser um risco a mais ter contato com moradores da área, ele explica. 

Hotéis e casas para aluguel têm mudança no perfil de hospedagem durante pandemia

A ocupação dos hotéis em Belo Horizonte continua pelo menos três vezes menor do que costuma ser neste período do ano, estabilizada entre 18% e 22%, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), Guilherme Sanson. Em parte do Estado, ela já apresenta taxas mais altas, mas ainda tímidas, e cerca de 25% dos hotéis sequer abriram as portas durante a pandemia, de acordo com ele. 

Nesse cenário, ele diz notar uma mudança no perfil de hospedagem inclusive nos hotéis que costumam atender ao público corporativo na capital, que agora passam também a receber famílias em busca de lazer aos finais de semana. “Os hotéis não podem mais atender apenas determinado segmento. Não vai ser sempre que o hotel poderá dizer que trabalha só com corporativo, ele vai atender o que vier”, diz. 

Francely Lopes, gerente geral do Hotel Caesar Business, no bairro Belvedere, região Centro-Sul de BH, explica que a ocupação dos quartos tem girado em torno de 25% a 30%, mas se mantido estável aos finais de semana, dias em que, antes da pandemia, caía acentuadamente. 

Por outro lado, a bióloga Valquíria Pereira, 37, começou a receber famílias em dias de semana na casa que aluga pelo Airbnb em um condomínio fechado com ares de sítio em Igarapé, na região metropolitana de BH. “Costumávamos alugar para 15 pessoas no final de semana, mas agora famílias de três pessoas nos procuram para alugar fora desses dias”, conta. 

A professora Adriana Batista, 39, já se refugiou no local três vezes durante a pandemia. Nesta semana, aproveita o recesso no trabalho para ficar na casa com o marido, também professor, a filha, de 2 anos, e alguns parentes, já que todos trabalham em regime de home office e mantêm uma rotina similar de isolamento social.

“Nunca tínhamos feito isso, nosso costume era ir para pousadas ou para a praia, cada um com seu quarto, mas ficamos com receio de frequentar esses lugares, porque meus pais são do grupo de risco”, explica. Condicionada à rotina em um apartamento em BH, ela diz que a intenção é continuar escapando para a casa ao longo dos próximos meses.

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