Posição

Caso Backer: 'Acredito que a justiça ainda vai ser feita', diz filha de vítima

Perdi a minha mãe e não tenho como tê-la novamente, mas nós estamos buscando justiça e assistência às vítimas que estão vivas, diz Christiane Assis

Por Bruno Menezes
Publicado em 09 de junho de 2020 | 14:44
 
 
 
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A conclusão do inquérito da Polícia Civil sobre os casos de intoxicação por cervejas da marca Backer trouxe uma mistura de alívio e tristeza para Christiane Assis. A mãe dela, Maria Augusta de Campos, morreu na cidade de Pompéu, na região central do Estado, após beber uma garrafa da cerveja Belorizontina, enquanto visitava a capital mineira. 

“Alívio porque nós tivemos a finalização do inquérito. A contaminação ocorreu do portão para dentro, como disse a Polícia Civil, e era uma resposta que nós estávamos aguardando há cinco meses. Nós já sabíamos que era isso, mas precisávamos da chancela de órgãos competentes”, reflete.

A tristeza, para ela, é saber que perdeu a mãe por uma questão de negligência entre os envolvidos na produção da cerveja. “Hoje foi declarado que a contaminação estava ocorrendo desde 2018, então é uma completa negligência da parte técnica, do gerente de manutenção e uma infelicidade dos gestores em não acompanhar”, pontuou. 

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Christiani Assis conta que em nenhum momento a família chegou a receber qualquer tipo de apoio da cervejaria Backer, inclusive com os custos funerários da mãe. De acordo com ela, defender os direitos das vítimas e de seus familiares se torna agora uma bandeira. 

“Eu acredito que a justiça ainda vai ser feita. Ela pode demorar, mas vai ser feita. Eu, por exemplo, perdi a minha mãe e não tenho como tê-la novamente. Mas nós estamos buscando justiça imediata para o suporte e o auxílio de assistência às vítimas que estão vivas”, disse.

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Segundo o advogado André Couto que representa seis das 29 vítimas de intoxicação causada pelo consumo por cervejas da Backer, a luta em âmbito judicial continua agora pela indenização das famílias pelos danos causados e pelos direitos do consumidor. “A investigação demonstra de forma indiscutível a responsabilização criminal dos gestores, dos responsáveis técnicos pelo processo de fabricação da cerveja Backer e o que a gente espera é que os representantes das empresas não mais se esquivem de suas responsabilidades”, disse. 

Após a divulgação do resultado das investigações, familiares e vítimas de intoxicação pelas cervejas da Backer divulgaram uma nota em que pedem Justiça para o caso. 

Leia a nota na íntegra:
Antes de tudo, é preciso informar que a responsabilidade civil da Backer diante das vítimas é objetiva, não sendo necessário comprovar a culpa pelo ocorrido. A conclusão do inquérito além de reforçar a responsabilidade da cervejaria, demonstra de maneira inequívoca a culpa e o dolo dos gestores da cervejaria Backer pela tragédia que envenenou pelo menos 30 (trinta) pessoas. São mais de 30 (trinta) famílias severamente atingidas: ver seus queridos internados em CTI, com perda de movimentos e visão, dificuldade de fala, comprometimento dos rins, com sequelas que jamais serão reparadas. Além disso, diante das pelo menos 7 (sete) mortes, outras famílias jamais poderão conviver novamente com seus amados, MORTOS PELO SIMPLES CONSUMO DE CERVEJA BACKER. 

Enquanto isso, as mais de 30 (trinta) famílias continuam desamparadas, sem qualquer auxílio ou apoio da cervejaria Backer, que de maneira reiterada não cumpre com as determinações judiciais, encontrando os mais variados tipos de desculpas para se omitir de suas responsabilidades. As evidências de desvio patrimonial e alteração de sócios em empresas do grupo comprovam o intuito de fraudar e se esconder das indenizações devidas às vítimas. Além dos danos às pessoas, as famílias estão arcando com os tratamentos caros, perderam renda e estão completamente desamparadas, sem qualquer auxílio frente a tantas dificuldades. TUDO ISSO, POR CONTA DA BACKER.

A conclusão do inquérito demonstra o completo descontrole da Backer diante dos produtos oferecidos à população, manchando a imagem de Minas Gerais e principalmente do setor cervejeiro-artesenal. O que se espera é justiça para as vítimas, suas famílias e toda a sociedade mineira. Não existem mais desculpas para que a Backer deixe de prestar auxílio aos envenenados! 

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