Casos positivos de coronavírus em Minas demoram a constar em dados oficiais

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirma, até o momento, apenas um caso positivo do novo coronavírus em Belo Horizonte. No Estado, são seis confirmações. A reportagem de O TEMPO, no entanto, apurou, com médicos, familiares de pacientes e diferentes fontes da área de saúde, que há muitos casos já atestados por laboratórios particulares, mas, por enquanto, ainda não entram nas estatísticas oficiais do governo. “Isso pode atrasar medidas que fazem toda a diferença em estágios iniciais”, alerta um profissional de saúde, que preferiu não se identificar.

Um dos casos positivos de coronavírus, confirmado nesta terça-feira (17), é do vereador Gabriel Azevedo, que divulgou o próprio teste em suas redes sociais. Na sexta-feira (13), um chefe de cozinha que mora no bairro Santa Efigênia recebeu o diagnóstico positivo. No sábado (14), Secretaria Municipal de Saúde negou que havia casos de Covid-19 depois de um servidor do hospital Lifecenter ter informado à reportagem que três pacientes do hospital Lifecenter estivam com coronavírus.

Na segunda-feira (16), a reportagem apurou a existência de, pelo menos, três novos casos positivos em pacientes que optaram em realizar exames na rede particular. Um desses é de uma mulher que teria contraído a doença em São Paulo. Ao mesmo tempo, prefeituras do interior do Estado têm divulgado casos positivos da doença, como aconteceu com Coronel Fabriciano e Nova Lima, cidades que ainda não constam do último informe epidemiológico, de segunda-feira.

O único caso confirmado pela SES em Belo Horizonte é de uma mulher de 34 anos, que está sendo investigado se há histórico de viagem para o exterior. Os outros cinco casos positivos estão em Ipatinga, Juiz de Fora (dois) e Patrocínio.

Em coletiva de imprensa na segunda-feira, o secretário de Estado de saúde, Carlos Eduardo Amaral, explicou que, além da Fundação Ezequiel Dias (Funed), que abriga o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (Lacen-MG), apenas o laboratório particular Hermes Pardini tem a capacidade de atestar a presença do vírus de imediato.

“O laboratório (Hermes) Pardini já foi certificado. Os exames que vêm dele, nós já consideramos validados e já são computados com o resultado correto. Os demais têm a necessidade da contraprova na Funed. Havendo um caso positivo, ele precisa da contraprova. Em geral, isso demora, no máximo, 48 horas, quando temos um caso de suspeita forte”, afirmou Amaral.

Há também discordância nos números divulgados pela SES e pelo Ministério da Saúde com relação ao número de casos confirmados em Minas Gerais. Enquanto o Estado contabiliza seis até a tarde desta terça-feira, o ministério fala em cinco. “Dados parciais sujeitos à revisão/alteração. Esclarecemos que pode haver diferença entre os números apresentados pelo Ministério e pelo Estado, devido ao processo de avaliação que é dinâmico e ao horário diário de fechamento de dados”, informa o boletim.

Minas Gerais 420 casos em investigação. Oitenta e cinco já foram descartados. Um novo informe epidemiológico deve ser divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde no fim da tarde desta terça-feira.

Retorno

A reportagem pediu mais detalhes à Funed sobre o fluxo de confirmação dos testes realizados por laboratórios particulares mas, dada a situação de emergência em saúde pública em decorrência da pandemia e o aumento do fluxo de demandas de análises de amostras processada pela Funed, as equipes de virologia estavam totalmente dedicadas aos exames laboratoriais e, por isso, as demandas de imprensa não puderam ser respondidas até a publicação desta reportagem.