Mais de 50% do que é considerado lixo para o brasileiro é composto de materiais que podem ser reutilizados ou reciclados, de acordo com a Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Segundo levantamento divulgado pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), uma associação sem fins lucrativos, o Brasil ainda reaproveita pouco " algo em torno de 2% " do lixo sólido orgânico urbano.
Em Belo Horizonte, parte das 450 t coletadas por mês pela Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável de Belo Horizonte (Asmare) deixa de seguir para o aterro sanitário às margens da BR"040. O local recebe cerca de 4.200 t diárias de lixo.
Conforme a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), a capital também recolheu no ano passado 6.900 t de materiais recicláveis " média de 575 t por mês.
"O catador escolhe a função para não morrer de fome e depois, ele desenvolve a consciência ambiental para a necessidade da reciclagem", disse Maria das Graças Marçal, 56, conhecida como dona Geralda.
Desde a fundação da Asmare, há 17 anos, ela retira seu sustento da associação. Muitos conseguem ter um salário-mínimo com o ofício, mas a quantia no final do mês dependerá do tipo de material coletado.
A presidente da Fundação France Libertés, Danielle Mitterrand, fará uma visita à Asmare nesta segundafeira para conhecer o trabalho desenvolvido pela associação. A ex-primeira dama retorna ao local um ano depois do incêndio que danificou o galpão.
Conforme Fabiana Goulart de Oliveira, coordenadora do projeto de capacitação dos catadores do Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável, a contribuição desse profissional é mais ampla do que aparenta.
"A quantidade de material reciclável que eles coletam se reflete na vida útil do aterro sanitário e na economia de recursos naturais", afirmou.
Outro aspecto, segundo a coordenadora, é o desenvolvimento social. "Essa alternativa de trabalho dá a oportunidade para esses profissionais se transformarem em agentes ambientais mobilizadores da população para a separação do seu lixo doméstico", ponderou Fabiana.
BH pretende ampliar coleta seletiva
A Prefeitura de Belo Horizonte pretende universalizar o serviço de coleta seletiva. Atualmente apenas sete bairros possuem o modelo porta a porta, onde um caminhão- baú recolhe o material reciclável " Barreiro (algumas empresas e condomínios), Carmo, Cidade Nova, Gutierrez (alguns condomínios), Savassi, Serra e Sion.
Segundo a chefe da divisão de coleta seletiva da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), Vanúzia Amaral, a intenção é ampliar a iniciativa, em um primeiro momento, para toda a região Centro-Sul, Gutierrez e adjacências e o Barreiro de Baixo.
"Até meados deste ano, saberemos quando a coleta será realizada nesses três pontos", explicou. Vanúzia ainda esclareceu que existe o segundo modelo de coleta seletiva na cidade, conhecido como o ponto a ponto.
São cerca de 150 Locais de Entrega Voluntária (LEV) organizados com contêineres que recebem, separadamente, papel, metal, vidro e plástico.