As chuvas voltaram a causar estragos no interior da Bahia. Desde a última quinta-feira (23), prefeituras de várias cidades vêm alertando para o aumento no nível dos rios. Nesta sexta-feira (24), alguns municípios voltaram a registrar alagamentos e interdições. Em alguns locais, moradores precisaram se locomover usando barcos.
Ao todo, a Defesa Civil informou que há 66 cidades em situação de emergência.

As chuvas retornaram com força na quinta. Com isso, subiram os números de desabrigados e desalojados. Até a tarde desta sexta, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado (Sudec) e as prefeituras dos municípios atingidos contabilizaram 4.185 desabrigados e 11.260 desalojados. Todos tiveram de deixar suas casas, mas, no caso dos desabrigados, os cidadãos necessitam de assistência do governo para ter uma moradia temporária.

O número de feridos subiu para 286 e a população total atingida chega a 378.286. Desde o início do mês, 17 pessoas morreram em decorrência dos estragos causados pelas tempestades.
"É importante ressaltar que estes números sempre irão sofrer mudanças. Desta vez, o aumento também ocorreu porque, felizmente, as pessoas estão entendendo a necessidade de sair das suas habitações, que estão situadas em áreas de risco, e procurarem abrigos oferecidos pelas prefeituras ou casas de parentes e amigos quando chove", afirmou o superintendente da Sudec, coronel Miguel Filho.

As enchentes que atingem o sul baiano desde meados de dezembro- e que também foram registradas no norte de Minas Gerais - foram provocadas por um ciclone extratropical formado na costa sul do país -o volume de chuvas chegou a 450 mm em Itamaraju. De acordo com o prefeito de Camacan, Paulo do Gás (Podemos), estas são as piores inundações dos últimos 35 anos.
Em Medeiros Neto, o avanço das águas dos rios Água Fria e Itanhém começou no início da semana. Nesta sexta, o centro da cidade ficou inundado e moradores usaram canoas para atravessar as ruas. Outros municípios, como Conceição do Jacuípe, Feira de Santana, Pedrão e Eunápolis, também registraram inundações na véspera de Natal.

Em comunicado, a Prefeitura de Eunápolis informou que "a Defesa Civil está acompanhando e monitorando áreas de risco; maquinários têm sido usado para o escoamento das águas; canos e tubulações foram destinados para vazão do acúmulo de água na Lagoa do Vivendas Costa Azul, e em outros locais da cidade".
"Ninguém imaginava um Natal nestas condições climáticas", disse a prefeita Cordelia Torres (DEM-BA).

Em Amargosa, no centro-sul do estado, as chuvas também elevaram o nível dos rios e represas. "A força da água ninguém imagina. Algumas comunidades sem possibilidade de acesso", relatou o prefeito Júlio Pinheiro (PT-BA).

Ainda segundo ele, uma família com sete crianças conseguiu escapar ilesa depois que a casa onde moravam na comunidade do Julião desmoronou. Alguns moradores da região de Pancada no Ribeirão, zona rural da cidade, registraram o grande volume de água do Rio Ribeirão.

CAPITAL DEVE TER FIM DE ANO COM MUITA CHUVA

Na capital Salvador também choveu acima do esperado nesta sexta. Até este domingo (26), a previsão é de chuvas significativas, com risco para alagamentos e deslizamentos de terra. As temperaturas deverão variar entre 23°C (mínima) e 28°C (máxima).

Na segunda-feira (27) a chuva perde a força, mas o fim de ano será marcado por chuvas intensas acompanhadas por trovoadas ocasionadas pela passagem de uma frente fria somada a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) (sistema meteorológico do verão, responsável por um período prolongado de chuva frequente e volumosa).

ESTRADAS ALAGADAS

Em Ibitupa e Ibicuí as chuvas também deixaram estradas inundadas e há interdições em alguns trechos, como mostram registros compartilhados nas redes sociais.

Nesta sexta-feira, o tráfego de veículos foi liberado na ponte que dá acesso a Prado, na BA-001. A recomposição da cabeceira da ponte, que rompeu há duas semanas devido às chuvas, ainda está em andamento.

Outra rodovia que sofreu com as chuvas na sexta foi a BR-489. A pista foi interditada no quilômetro 2, entre Itamaraju e Prado, foi interditado devido ao grande volume de água.