Comerciantes de Ipatinga, no Vale do Aço, fizeram uma carreata ontem pedindo a abertura dos estabelecimentos na cidade fechados desde sábado (21) em função da pandemia de coronavírus.
Os manifestantes se reuniram no parque Ipanema, no bairro Veneza, e foram em comboio, fazendo buzinaço, até a porta da prefeitura, no centro da cidade. O decreto que fechou o comércio vale até a próxima segunda-feira (30), mas pode ser estendido.
Segundo estimativa de Adauto Alves, dono de uma loja de baterias automotivas e um dos organizadores, 300 pessoas participaram do protesto. Eles pedem para voltar a trabalhar, nem que seja com número reduzido de funcionários, e garantem que pretendem adotar todas as medidas de higiene para impedir a contaminação pelo coronavírus.
Flávio Pereira Matos, dono de uma empresa de instalação de sistemas de segurança interna, explica o impacto do fechamento em sua loja. "Está arrebentando todo mundo. Não tive que demitir ninguém, mas, se continuar, não vai ter outra opção", conta.
O coordenador geral do Sindicato dos Empregados no Comércio em Ipatinga, Aurélio de Souza, disse que a entidade prioriza a saúde dos trabalhadores. "É claro que a questão econômica é importante, mas nosso entendimento é o de que a vida está em primeiro lugar", afirma. Aurélio diz ainda que os empresários devem pressionar os governos estadual e federal, e não o municipal, na busca da solução do problema.
O presidente da Associação Comercial de Minas, Agnaldo Diniz, avalia que a manifestação em Ipatinga pode se repetir em outros locais. "Isso é um sinal do que pode acontecer no país, porque nós temos que administrar com muita força o grupo de risco, mas precisamos paulatinamente colocar a economia para funcionar nos pontos essenciais", avalia Agnaldo.
A Prefeitura de Ipatinga se manifestou por meio de nota, que segue na íntegra:
A Prefeitura Municipal de Ipatinga esclarece que respeita todo e qualquer tipo de manifestação, sendo algo legítimo da democracia, desde que não atente contra a integridade física dos servidores e tampouco contra o patrimônio público, e não poderia ser diferente com os nossos comerciantes.
A Administração reitera sua preocupação com a retomada do funcionamento do comércio de portas abertas, uma vez que a economia do município precisa girar para que não haja um colapso financeiro.
Porém, amparados pelas recomendações do Ministério da Saúde e do Governo Estadual, continuam em vigor as medidas de isolamento social adotadas em todos os continentes e que hoje já mantém em quarentena cerca de 1/3 da população do planeta ou mais de 2,6 bilhões de pessoas.
Com prioridade máxima para a saúde pública, mas obviamente sem desconsiderar os aspectos econômicos envolvidos (tanto que, desde a primeira hora, os atendimentos em delivery estão liberados e funcionam também supermercados, padarias, farmácias, postos de combustíveis e outros serviços essenciais), seguimos monitorando atentamente os números da Covid-19, e dialogando abertamente com todos os segmentos, inclusive os comerciantes.
Informamos também que estamos trabalhando incessantemente a fim encontrar o momento e a forma adequada para que todos os segmentos possam ser reabertos sem que a saúde pública possa ser comprometida em meio a essa terrível pandemia. Diariamente, a Secretaria Municipal de Saúde divulga, sempre por volta das 16h, o boletim epidemiológico devidamente atualizado com os números de casos suspeitos, confirmados e descartados.