O serviço de ônibus em Belo Horizonte registra uma média superior a 100 reclamações por dia, conforme dados apurados entre 5 de julho de 2022 e 15 de junho de 2023. Nesse período, foram registradas 40.409 queixas. A maioria por descumprimento de quadro de horários (30%), seguida de superlotação (13%).
A partir dos dados, também é possível elencar as linhas com mais reclamações. O primeiro lugar é ocupado pela 5250 (Estação Pampulha / Betânia), com 613 queixas. As principais são: descumprimento do quadro de horário e funcionamento do ar-condicionado (21%). Em segundo lugar, superlotação (18%) e, em terceiro, descumprimento do ponto de embarque (14%).
A segunda linha com mais reclamações é a 62 (Estação Venda Nova / Savassi Via Hospitais), com 555 queixas. Nessa rota, superlotação é o principal questionamento dos usuários, com 26% das reclamações, seguido de descumprimento do quadro de horários, 23%.
A terceira, a quarta, a sexta e a sétima rotas com mais reclamações são linhas alimentadoras que ligam bairros à estação São Gabriel. São elas: 823, com 552 queixas; 806, com 497; 825, com 427; e 808, com 416. Elas também têm um perfil de reclamação semelhante. Em todas, a principal queixa é o descumprimento do quadro de horários.
A estação São Gabriel foi alvo de um protesto de passageiros nessa quarta-feira (12 de julho), justamente devido a atrasos na linha 825. “Está sempre atrasada e lotada. A gente sempre reclama, mas não melhora; A prova disso é a posição no ranking de queixas que a linha ocupa”, afirma a estudante Ana Carol, de 18 anos.
A passageira também conta que, recentemente, ocorreu uma briga entre dois homens no ônibus motivada pela lotação. “Um reclamou do outro estar encostando nele. Foi feio. Eles bateram um no outro e chegaram a sangrar. Isso causa estresse em todo mundo, até nos motoristas”, relata.
Ranking das 10 linhas de ônibus com mais reclamações
- 5250 (Estação Pampulha / Betânia): 613 reclamações;
- 62 (Estação Venda Nova / Savassi Via Hospitais): 555 reclamações;
- 823 (Estação São Gabriel / Bairro Vitória): 552 reclamações;
- 806 (Estação São Gabriel / Vista do Sol Via Nazaré): 497 reclamações;
- 51 (Estação Pampulha / Centro / Hospitais): 478 reclamações;
- 825 (Estação São Gabriel / Vitória II / Via UPA Nordeste): 427 reclamações;
- 808 (Estação São Gabriel / Paulo VI): 416 reclamações;
- 5107 (Estação Pampulha / Savassi): 375 reclamações;
- 5201 (Dona Clara / Buritis): 373 reclamações;
- 6350 (Estação Vilarinho / Estação Barreiro Via Anel Rodoviário): 355 reclamações.
‘Só usa ônibus em BH quem é obrigado’
O serviço de ônibus se apresenta como forma ineficaz de transporte em Belo Horizonte. A avaliação é do presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo de Belo Horizonte e Região Metropolitana (AUTC), Francisco Maciel.
“Só pega ônibus em Belo Horizonte, quem é obrigado. Que não tem alternativa de realizar o percurso a pé, de bicicleta, por aplicativo de carro e moto ou, até mesmo, veículo particular. As reclamações mostram que estamos longe de termos um serviço que atenda a demanda”, analisou.
Novo subsídio: promessa de melhorias
No último mês, Prefeitura de Belo Horizonte e Câmara Municipal chegaram a um acordo para um novo subsídio para as empresas de ônibus, no valor de R$ 512 milhões. O recurso possibilitou que a passagem de ônibus voltasse para R$ 4,50 no último sábado (8 de julho), após 76 dias custando R$ 6.
Segundo o município, o subsídio está “atrelado ao cumprimento de alguns requisitos pelas empresas de ônibus, tais como manutenção, limpeza e ar-condicionado”. “Serão exigidas ainda 10% a mais nas viagens e 420 novos ônibus no sistema, entre renovação de frota e veículos adicionais”, afirma.