Covid-19

Conselho Municipal de Saúde sugere lockdown em Belo Horizonte

Entre outras recomendações, também estão a garantia de renda mínima aos informais e desempregados, cesta básica e subsídios aos pequenos empresários

Por Aline Gonçalves
Publicado em 18 de março de 2021 | 14:58
 
 
 
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O Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMSBH), que reúne trabalhadores da saúde, prestadores de serviços e usuários do Sistema Único de Saúde, recomendou a decretação imediata de um lockdown no município, para conter o avanço da Covid-19 na capital mineira, inclusive com paralisação dos sistemas de transporte público. Hoje, a cidade já segue a Onda Roxa, mais rigorosa instituída pelo governador Romeu Zema, e também possui critérios próprios, como a proibição de entrega na porta de restaurantes e o fechamento de praças. 

A iniciativa de lockdown foi recomendada durante Plenária Virtual Extraordinária Covid-19: BH sob alerta vermelho, realizada nessa quarta-feira (17). O debate reuniu cem conselheiros, e houve unanimidade na recomendação. 

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De acordo com o CMSBH, a medida se faz necessária diante da "iminência do colapso" de serviços de saúde da rede SUS. Nessa quarta-feira (17), os hospitais particulares de Belo Horizonte ultrapassaram 100% de taxa de ocupação em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinados a pacientes com Covid-19, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). Contando a rede particular e a pública, a capital mineira chegou a 96,6% de ocupação em UTI para coronavírus, um recorde.

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"O que nos leva a pedir o lockdown é o aumento significativo dos índices epidemiológicos, que atingiram níveis inaceitáveis. De cada cem pessoas, elas transmitem para 126 pessoas, o indicador de leitos de UTI está acima de 94%, e o indicador de ocupação de leitos de enfermaria para Covid também atingiu patamar inaceitável. Estamos numa situação de guerra, de emergência, com as UPAs recebendo um número excessivo de pacientes. É uma situação dramática, de caos, de esgotamento do serviço de saúde pública de Belo Horizonte", disse a presidenta do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Carla Anunciatta. "Pode faltar leito para qualquer um de nós e, evitando a circulação das pessoas, evita-se a circulação do vírus e outras coisas, como acidentes (que demandam atendimentos nos serviços de saúde)", completou.

Além da decretação do lockdown, por ao menos duas semanas, o Conselho também sugeriu uma fiscalização rígida, com o cumprimento, por exemplo, de lei municipal que determina o uso obrigatório de máscaras, e a aplicação de multas se necessário.

Outras recomendações propostas são ampliação da testagem da população, o monitoramento de pessoas contaminadas e a elaboração de um plano para diminuir a circulação de pacientes que estão procurando as unidades de saúde para resolver problemas que não são urgentes. 

Para diminuir os impactos econômicos de um lockdown na cidade, o Conselho sugere que a prefeitura aumente a distribuição de cestas básicas, além de implantar um programa de renda básica para os desempregados e trabalhadores informais, e outro de fomento para pequenas empresas. 

Em contato com a reportagem, a assessoria da Prefeitura de Belo Horizonte reforçou que, desde o dia 6 de março, decretou  permissão para o funcionamento apenas das atividades essenciais na cidade e que continua com medidas restritivas, como a proibição de celebrações religiosas presenciais. "Nas últimas semanas, o município também intensificou as ações de fiscalização, para garantir o cumprimento do decreto municipal. Os estabelecimentos que não cumprirem com as medidas de combate à Covid-19 estarão sujeitos à interdição e multa no valor de R$ 18.359,66", pontuou. No entanto, não houve um posicionamento sobre a adoção ou não da sugestão do Conselho. 

Atualizada às 15h41

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