A escassez de reagentes no mercado e seus custos elevados desde o início da pandemia de coronavírus no mundo são duas das explicações apontadas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) para a dificuldade de ampliação da testagem de pacientes em Minas Gerais.

Se por um lado os laboratórios públicos habilitados para diagnóstico da Covid-19 têm capacidade para testar centenas de amostras por dia, por outro o número real de pessoas testadas precisa ser bem menor justamente pela limitação da quantidade de material disponível para a coleta.

Um dos instrumentos imprescindíveis, por exemplo, deixou de custar R$ 0,56 em agosto do ano passado e, estando mais escasso hoje no mercado, subiu para R$ 4,50 por unidade.

Esse aumento estratosférico refere-se ao “swab rayon”, uma espécie de cotonete usado para coletar secreções de pacientes que apresentam sintomas suspeitos de coronavírus. O equipamento é considerado indispensável para um tipo específico de teste da Covid-19, considerado padrão ouro no diagnóstico da doença.

Além de custar caro, o produto não é encontrado com facilidade no mercado. “A aquisição desse item também tem sido comprometida pela alta demanda mundial”, esclarece a secretaria, que declarou estar estudando outras maneiras de coletar as amostras.

“Devido à execução por falta do produto ou por preço muito acima do praticado, a SES-MG juntamente com a Funed revisaram a nota técnica de coleta de material e sugeriram aos serviços de saúde a coleta de outros tipos de amostra biológica”, pontuou o órgão estadual por meio de nota. 

Quais pacientes são testados? 

Apesar do cenário conturbado, não há registro de falta do swab rayon no Laboratório Central de Saúde Pública da Fundação Ezequiel Dias. Uma explicação para o fato é que apenas casos suspeitos muito específicos são encaminhados para serem testados nos laboratórios credenciados para testes de Covid-19 em Minas Gerais.

Somente são submetidos à coleta pacientes que se enquadram em sete tipos de situações bem características: amostras de pessoas com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e síndrome gripal, de pacientes internados com SRAG, de óbitos suspeitos, de profissionais da saúde e da segurança pública com sintomas e de pessoas que cumprem pena no sistema prisional ou socioeducativo. 

A sétima situação descrita no protocolo de indicação para a testagem da Secretaria de Saúde refere-se à coleta de amostras representativas em casos de surtos de síndrome gripal em lugares fechados. A condição engloba, por exemplo, asilos e hospitais que detectaram surto do vírus – nesses casos, serão feitas três coletas ou 10% dos casos serão submetidos aos exames. 

De acordo com o órgão, a ampliação dos critérios de testagem só será possível quando houver tranquilidade em encontrar os materiais necessários no mercado. “Assim que o cenário relacionado à disponibilidade de insumos for resolvido, a ampliação da testagem será reavaliada, e espera-se utilizar a capacidade laboratorial da rede”, destacou o órgão por meio de nota.

Atualmente, Minas Gerais tem 4.977 casos de coronavírus, e 167 mineiros morreram em decorrência da infecção. Dados da secretaria apontam que até domingo (17) os laboratórios da rede receberam 17.813 amostras de casos notificados ao Estado. Delas, 17.068 já foram processadas.