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Coronavírus:‘Quem busca a realidade tem desgaste maior’, diz secretário de Betim

Cidades como Betim adotam forte controle dos casos o que, na opinião de gestores, facilita o enfrentamento à pandemia

Publicado em 19 de junho de 2020 | 03:00

 
 
Betim criou 170 leitos exclusivos para pacientes com Covid-19, sendo 120 no Hospital de Campanha Betim criou 170 leitos exclusivos para pacientes com Covid-19, sendo 120 no Hospital de Campanha Foto: Lisley Alvarenga - 13/4/2020
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Dados do Ministério da Saúde de que todos os óbitos suspeitos precisam ser testados para Covid-19, cidades como Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, adotaram metodologias que garantem dados mais próximos da realidade. No município, de acordo com o secretário adjunto de Gestão da Saúde, Augusto Viana, todos os pacientes que evoluem a óbito, mesmo os que tiveram resultado negativo para coronavírus em vida, são novamente testados. A iniciativa da gestão municipal, na opinião dele, facilita a tomada de decisões no combate à proliferação da doença, mas também pode levar a um desgaste maior. “Neste momento, os mais justos estão sofrendo. Quem procura estar mais próximo da realidade tem um desgaste maior. Poucos têm coragem de fazer enfrentamento dos dados”, diz.

“Tem município que só testa paciente com o PCR. Nós fazemos uma contraprova, fazemos o PCR e, depois, no óbito, o teste rápido, que acusa se o corpo produziu anticorpos contra o coronavírus. Estamos testando todos os nossos óbitos, outros não fazem isso”, diz Viana. Ele explica que, dependendo do tempo de contaminação, o PCR pode não identificar o vírus. Além disso, conforme o secretário, os dados de Betim são atualizados todos os dias. A cidade está com uma taxa de letalidade por coronavírus de 4,7% atualmente: são 502 casos e 24 óbitos confirmados pela doença. 

Para enfrentar a pandemia, a prefeitura desenvolveu diversas ações de combate à doença, entre elas a construção de um Hospital de Campanha, a criação de 170 leitos exclusivos para a Covid, a desinfecção de espaços públicos e a adoção de medidas de restrição no comércio, além do uso obrigatório de máscaras. 

Já a taxa de letalidade de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, que tem o maior número de casos de coronavírus entre todos os municípios de Minas – são 4.503 registros e 74 óbitos confirmados –, é de 1,64%. Segundo o assessor técnico da rede de urgência e emergência da prefeitura, Clauber Lourenço, a cidade ampliou a testagem. “Hoje, Uberlândia é uma das cidades que mais testam por 100 mil habitantes no Brasil. Ao detectar um caso positivo, testamos todos os seus contatos diretos, as pessoas que residem e convivem no mesmo ambiente domiciliar, porque a chance de eles terem diagnóstico positivo é muito grande, e fazemos a quarentena devida daquele grupo familiar”, afirma Lourenço. 

Segundo ele, além de pessoas com síndromes respiratórias agudas graves, profissionais da saúde e da segurança, gestantes e idosos sintomáticos e pacientes com comorbidades, mesmo com sintomas leves, estão sendo testados. A prefeitura criou 84 leitos de enfermaria e 29 leitos de UTI exclusivos para Covid-19 em um hospital que estava fechado na cidade. 

Análise

Para o professor Luiz Henrique Duczmal, da UFMG, “é esperado que haja diferenças, pois há políticas de gestão de saúde que variam de um lugar para outro”.