O corpo encontrado pelos bombeiros na manhã dessa quarta-feira (20), em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, pertence a João Marcos Ferreira da Silva, 25, como confirmou a Polícia Civil de Minas Gerais nesta quinta-feira (21).
A identificação foi feita pela equipe de Antropologia e Odontologia Forenses do Instituto Médico Legal (IML), por meio de exame de arcada dentária. A família do jovem retirou seu corpo já na madrugada desta quinta. João Marcos trabalhava como ajudante nas operações da barragem B1 do Córrego do Feijão, terceirizado de uma empresa contratada pela Vale.
O jovem estava entre as 16 pessoas que permaneciam desaparecidas desde o rompimento da barragem, em 25 de janeiro. Com a confirmação de sua identidade e de que não se tratava de uma vítima reconhecida anteriormente através da análise de fragmentos recolhidos, o número de mortos subiu para 255, e o de pessoas ainda não encontradas caiu para 15.
Apesar de o corpo estar praticamente completo, seu estado de decomposição impedia a determinação visual do provável sexo ou idade. Ele estava soterrado pela lama em uma região conhecida como BH1 (ou barreira hidráulica), muito próxima à zona urbana do Parque da Cachoeira, mas a mais de 5 km de distância da barragem B1, rompida no dia 25 de janeiro deste ano.
Buscas
O corpo de João Marcos foi encontrado na data em que completou-se os 300 dias desde o início das buscas dos bombeiros por vítimas da tragédia. Cerca de cem militares vasculham diariamente a região atingida pela lama, no Córrego do Feijão, atrás daquelas que permanecem desaparecidas. Costumeiramente divididos em 20 frentes de trabalho, os bombeiros contam com o apoio de cães farejadores, drones e equipamentos pesados para revirar a terra.
Despedida
Quinze dias após a tragédia, a cozinheira Cláudia Ferreira Nunes, de 48 anos, temia nunca encontrar o corpo de seu filho, João Marcos Ferreira da Silva. À época, ela contou rezar para que fosse encontrado, para não viver um "eterno luto". Relembre as palavras da mãe à reportagem de O TEMPO, ela conta sobre os sonhos do filho, os planos soterrados pela lama da barragem da Vale.
“Uma dor que está apertando demais o meu peito. Se acharem o corpo do meu filho, eu ficaria mais aliviada. Quero fazer um enterro digno porque ele merece. Estava trabalhando, não estava à toa quando morreu. Peço a Deus, todos os dias, para que achem o corpo dele”, lamentou Cláudia, lembrando que perdeu o filho justamente no aniversário de três anos da morte de outro filho dela, de 19. “Fico com medo de não encontrar o meu filho e ficar nessa angústia para sempre”
(Com Pedro Ferreira)