terceiro suspeito

Corretor envolvido em morte de jovem na porta de boate irá se entregar

Crime ocorreu na madrugada da última sexta-feira (8) no bairro Eldorado, em Contagem; dois militares suspeitos de participação já estão detidos

Por Ailton do Vale
Publicado em 14 de abril de 2016 | 20:02
 
 
 
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O corretor de seguros Célio Gomes da Silva, 30, terceiro suspeito de envolvimento na morte do estudante de direito Cristiano Guimarães Nascimento, 22, vai se apresentar nos próximos dias à Delegacia Especializada de Homicídios de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. A informação é do advogado Alexander Barroso, responsável pela defesa de Célio.

Segundo Barroso, o seu cliente não teve participação no assassinato de Cristiano, que foi morto na madrugada da última sexta-feira (8), por espancamento, na porta de uma boate no bairro Eldorado, em Contagem. “O Célio não tem qualquer relação com esse crime. Ele estava do lado de fora do estabelecimento, assim como diversas outras pessoas, mas não se envolveu na briga generalizada que terminou nessa morte”, afirmou.

Nessa segunda-feira (11), Célio e os soldados da Polícia Militar Jonathas Elvis do Carmo, 27, e Jonas Moreira Martins, 28, tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. Os militares estão encarcerados desde o dia do crime, pois foram presos em flagrante no local. Eles estão em celas de diferentes unidades da PM. Segundo a Polícia Civil, um está no 48º Batalhão, em Igarapé, e o outro no 41º, no Barreiro.

Para Alexander Barroso, o pedido de prisão preventiva de Célio não tem justificativa legal. “Ele não é bandido, é um trabalhador, tem residência fixa, não tem porque ter esse pedido”, disse. O advogado contou que já fez o pedido à Justiça, na terça-feira (12) para revogar o desígnio. Além disso, a defesa do suspeito está pronta e todos os esclarecimentos serão fornecidos ao Delegado Alexandre Oliveira, responsável pelo caso. “Ele vai se apresentar, a Polícia Civil já sabe disso desde a segunda passada, o que invalida ainda mais a prisão preventiva. Só falta marcar a data com o delegado. O Célio está tranquilo”, encerrou.

A reportagem tentou contato com a Polícia Civil na noite desta quinta, mas não foi atendida.

Boate

O empresário Bolivár Andrade, 36, proprietário da boate Havana, onde estavam Cristiano e os três suspeitos na noite do crime, relatou que a agressão não começou dentro do local. De acordo com o gestor, seus funcionários prestaram depoimento à Polícia Civil no decorrer desta semana e o motivo do desentendimento entre a vítima, os policiais e o corretor de seguros ainda é desconhecido.

“Num primeiro momento os PMs suspeitos afirmaram que a discussão começou dentro da boate por causa de um balde de bebidas. Mas essa versão não procede, porque o Cristiano passou a noite com alguns amigos em um lounge, espaço reservado no estabelecimento onde os suspeitos não tinham acesso. Acredito que o encontro entre eles aconteceu na fila do caixa, quando saíam do local. Infelizmente, por algum motivo banal, eles devem ter discutido. Mas não teve qualquer agressão lá dentro, até porque os seguranças estão sempre atentos e teriam intervindo para impedir uma situação mais grave”, disse Andrade.

A reportagem teve acesso, com exclusividade, às imagens das câmeras de segurança da casa noturna. Os vídeos demonstram que Cristiano deixou tranquilamente a boate, atravessou a rua e foi ao encontro de alguns amigos que o acompanhavam. Um minuto depois, os três suspeitos saíram da boate e foram em direção ao grupo. O posicionamento das câmeras impediu que a briga fosse registrada. Instantes depois do provável início da confusão, Cristiano aparece ao fundo - novamente no lado da rua onde fica o estabelecimento - e é possível ver o momento em que um dos policiais o atinge com dois chutes: o primeiro derruba a vítima e o segundo, na cabeça, é o provável golpe que levou o estudante a óbito. Toda a ação violenta não durou mais que 20 segundos.

“Aconteceu muito rápido. Um porteiro da boate correu para ajudar Cristiano quando o viu caído ao chão e chamou um segurança que estava lá dentro (da boate), que fez os primeiros socorros e chamou o Samu. Infelizmente, ele não resistiu aos ferimentos. Assim como os familiares de Cristiano, queremos logo que tudo seja esclarecido e os culpados sejam responsabilizados”, relatou o empresário.

O dono da boate disse que prestou depoimento ao delegado responsável. As imagens gravadas pela casa noturna foram entregues à Polícia Civil e também para a corregedoria da Polícia Militar.

Atualizada às 21h58.

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