O frio chegou em BH e com ele a aglomeração de pessoas em locais fechados aumentou. Na esteira do fim da obrigatoriedade do uso da máscara em qualquer lugar, os casos de Covid-19 voltam a aumentar na cidade. Nos laboratórios São Paulo, o total de diagnósticos entre a primeira quinzena de abril e a primeira deste mês cresceu de 29 para 124: uma diferença de 327%.
Os números da empresa mostram que a positividade também cresceu na cidade: 3% nos primeiros 15 dias de abril e 14,19% na quinzena inicial de maio.
“Precisamos manter os cuidados contra a doença e não deixar de tomar as doses de reforço da vacina”, diz o patologista, hematologista e diretor do Laboratório São Paulo, Daniel Dias Ribeiro.
No laboratório Target Medicina de Precisão, entre abril e maio, os funcionários registraram um crescimento na taxa de positividade de 7% para 25%. Já a procura pelo exame de Covid dobrou neste mês, se comparado com abril.
“Temos alguns fatores: a gente tem uma nova linhagem da (variante) ômicron que está circulando no mundo, que é a BA.2. Essa linhagem tem a capacidade de infectar as mesmas pessoas que tiveram infecção por ômicron no início do ano. São várias pessoas que estão adoecendo de novo”, diz o infectologista e diretor médico da Target, Adelino de Melo Freire Júnior.
No Laboratório Geraldo Lustosa a alta de casos de Covid-19 não é diferente. Na última semana, entre 15 e 21 de maio, a taxa de positividade foi de 27,4% – a maior desde a segunda semana de fevereiro.
A procura por exames para detecção da virose aumentou 46% no Lustosa em comparação com a semana entre 8 e 14 de maio. Ou seja: mais pessoas estão apresentando sintomas e procurando o serviço.
“Um ponto que realmente pode contribuir é o frio do outono. Tradicionalmente, temos um aumento de transmissão nessa época. Mas, eu não acredito que ele seja definitivo, porque estamos vendo esse aumento em vários países do mundo que não estão no inverno”, afirma o infectologista Adelino de Melo Freire Junior.
Outra preocupação manifestada pelo especialista é a falta de informações acerca da pandemia em Belo Horizonte. A prefeitura deixou de divulgar diariamente o boletim epidemiológico após o fim do decreto de calamidade pública. Além disso, a quantidade de informações diminuiu.
“Acho que seria interessante para a tomada de decisão dos gestores de saúde e até para o comportamento da população. Não acho que uma publicação diária é necessária, mas ao menos com RT e a ocupação dos leitos, duas vezes por semana”, diz o médico.
Em nota enviada à reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde informou que vai manter o formato atual do boletim da Covid, sem a transmissão e ocupação dos leitos. A pasta garantiu que o monitoramento da doença permanece sendo realizado.
Incidência aumenta
Desde o início do ano, já são 572 mortes em decorrência da enfermidade na capital, com 80.691 confirmações.
O último boletim da prefeitura, divulgado nessa terça (24), informa que a taxa de incidência mais recente, apurada nesse domingo (22), é de 41,6 casos por 100 mil habitantes. O índice só cresceu entre 19 e 22 de maio.