Minas Gerais registra nesta quarta-feira (24) o oitavo recorde consecutivo na média móvel de mortes confirmadas por Covid-19, com quase 210 óbitos registrados por dia ao longo da última semana, segundo o Termômetro da Covid do portal O TEMPO (veja o gráfico e a metodologia abaixo).
De acordo com o monitoramento, realizado a partir dos dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), os últimos sete dias foram os mais fatais da pandemia em solo mineiro, com ao todo 1.468 óbitos contabilizados no período. O aumento na média é de 54% na comparação com duas semanas atrás.
A escalada já coloca o indicador num patamar superior ao dobro do observado no pior momento da "primeira onda" em Minas Gerais. A média havia chegado a um máximo de 103 mortes diárias no ano passado, entre os dias 15 e 21 de agosto.
A tendência observada é de aceleração nas mortes por Covid-19 em dez das 14 macrorregiões de saúde do Estado, à exceção de Jequitinhonha, Centro Sul, Nordeste e Triângulo Norte.
As previsões pessimistas foram comentadas em entrevista coletiva pelo secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti. Segundo ele, as maiores restrições à mobilidade social só deverão apresentar resultados em algumas semanas, enquanto a rede assistencial já encontra-se sobrecarregada no Estado.
"Os óbitos de hoje são de pacientes internados há 20, 30 dias. Como estamos vivendo um momento de alta ocupação de leitos, esses óbitos (de novos pacientes contaminados) vão aparecer daqui a duas, três semanas. Provavelmente, os números aumentarão de forma progressiva e, a cada dia, lamentaremos mais óbitos", declarou Baccheretti.
Recorde também na média de novos casos
O ritmo de expansão da doença em Minas Gerais também voltou a bater recorde, superando a marca do último domingo (21), com em média 8.894 novos casos confirmados diariamente ao longo dos últimos sete dias. O número representa um total de 62.262 pessoas diagnosticadas no período e um aumento de 38% em relação a duas semanas atrás.
O cenário é de aceleração em 12 das 14 macrorregiões de saúde. Primeiras a terem sido submetidas à Onda Roxa do programa Minas Consciente, as regiões Noroeste e Triângulo Norte são as exceções, com curvas estáveis neste momento.
Segundo o último boletim epidemiológico da SES-MG, Minas Gerais chegou nesta quarta-feira (24) a um total de 22.497 óbitos e 1.053.994 casos confirmados de Covid-19.
Veja mais detalhes do monitoramento:
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Entenda o gráfico
O Termômetro da Covid apresenta a evolução da média móvel de novos óbitos e casos confirmados nos últimos sete dias e tem como parâmetro de comparação os mesmos dados registrados há duas semanas.
Se a média de hoje superar em mais de 15% o valor de duas semanas atrás, então a situação observada é de crescimento acelerado. No outro oposto, uma redução superior a 15% representa desaceleração. Se a variação for de até 15% para mais ou para menos, a média se encontra em um nível de estabilidade.
O uso da média móvel se justifica pela grande oscilação das notificações entre os diferentes dias da semana. Ela fica muito clara quando se observa a variação em feriados, fins de semana, segundas e terças-feiras, devido ao represamento dos testes nos laboratórios ou a atrasos nos registros pelas prefeituras. Desta forma, a média móvel mostra tendências mais consistentes do que os dados diários.
Já a janela de duas semanas para comparação se explica pelo tempo médio de ação do vírus e de demora seja no processamento de exames ou na divulgação dos resultados pelos sistemas oficiais utilizados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG).
Esta é a mesma metodologia utilizada, por exemplo, pelo jornal The New York Times.
Os dados são provenientes dos boletins epidemiológicos oficiais da SES-MG e referem-se aos municípios de residência dos pacientes. Isso explica eventuais números negativos, uma vez que os casos podem ser revisados ou "transferidos" de cidade.
Os registros são detalhados por município e agrupados por microrregião e macrorregião, de acordo com a organização do SUS (Sistema Único de Saúde). Essa definição é importante, pois leva em conta a estrutura da rede assistencial. Caso uma cidade tenha números baixos, isso não necessariamente significa uma situação confortável, pois a maioria dos municípios não possui leitos de UTI ou equipes especializadas e precisa encaminhar pacientes para os polos micro e macrorregionais.