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Criança que sofre de alopecia pede doação de 'cabelinho'

Ela tem uma doença rara, alopecia, que provoca a queda de cabelos e de todos os outros pelos do corpo

Por Pedro Ferreira
Publicado em 25 de fevereiro de 2019 | 16:58
 
 
 
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Bibi, como a garotinha Bianca de Souza Gama, de 7 anos, é carinhosamente chamada pela família e pelos coleguinhas da escola, em Rio Paranaíba, no Alto Paranaíba, comoveu o país ao postar um vídeo nas redes sociais pedindo um “cabelinho”. Ela tem uma doença rara, alopecia, que provoca a queda de cabelos e de todos os outros pelos do corpo. O pedido foi direcionado a uma outra menina com a doença, Larissa Medeiros, que em 2017 fez um pedido semelhante e decidiu ajudar crianças que sofrem de alopecia, doando perucas.

“Oi, Larissa! Vi seu vídeo na internet, em que você ajuda as pessoas que não têm cabelinho. Eu também sou igual a você, carequinha. E eu queria muito ter um cabelinho. Beijos da Bibi”.

O vídeo foi postado há duas semanas e teve centenas de compartilhamentos. E o resultado foi imediato. Além de Larissa Medeiros, dezenas de pessoas querem ajudar a garotinha, doando cabelos e perucas. Uma mulher de Patos de Minas, também no Triângulo Mineiro, anunciou que já cortou os cabelos para doar as mechas para Bibi. "Tem gente até no Estados Unidos querendo ajudar", disse a mãe da menina, a dona de casa Cláudia Souza, de 27 anos.

“A Bianca já tinha visto o vídeo da Larissa no YouTube e ela fala assim: 'Mãe, a Larissa é igual eu, não tem cabelinho. Depois, ela viu um outro vídeo recente da Larissa com cabelinho. Aí ela ficou me perguntando onde a Larissa tinha encontrado (o cabelo). Eu fui explicar: 'Não, meu bem. A Larissa tem a mesma doença sua e hoje ela ajuda outras crianças que não têm cabelo a ter um'. Aí, ela falou: 'Ah, então quero um. Vou gravar um vídeo para a Larissa'. Eu falei: 'Uai, então vamos!'”, conta a mãe.

Veja o vídeo

 

O vídeo foi postado no Facebook. “Muita gente viu o vídeo querendo ajudar. Várias pessoas entrando em contato com a gente, querendo fazer as doações de cabelo para confeccionar a peruca. Muitas, mas muitas doações, mesmo!”, conta Cláu7dia.

As mensagens, segundo a mãe, chegam de vários cantos do país e até dos Estados Unidos. “A Larissa também já se manifestou e falou que vai ajudar a minha filha, e que está arrumando a peruquinha para ela".

Cláudia explica que a doença da filha é genética, e que foi diagnosticada quando a menina tinha 5 anos. “Quando o cabelo dela começou a cair, ela tinha uns seis ou sete meses de vida. Ela nasceu com cabelo, mas depois foi caindo, caindo, caindo. A gente procurou um dermatologista da minha cidade, na Bahia. E a dermatologista falou: 'Ó, mãe, você vai ter que procurar uma clínica mais especializada na doença da sua filha, pois aqui a gente não está conseguindo saber o que é”, conta a dona de casa.

A família, então, se mudou para Minas e procurou ajuda no Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte. “De lá, ela foi encaminhada para um hospital de São Paulo, onde exames diagnosticaram alopecia areata universal, que causa perda de pelos no corpo inteiro. Sobrancelha, no caso, ela não tem. Cílios, ela não tem”, disse.

A doença não tem tratamento, segundo a mãe. “Não tem cura para essa doença. A médica explicou que algumas pessoas podem até fazer o tratamento, fazer o cabelo nascer e depois cair. Então, aí será muito ruim”, reforça a mãe. 

Vaidade

Bibi, segundo a mãe, é muito vaidosa. “De ficar no espelho se maquiando, pintando unhas. E ela sempre me questiona: 'Mãe, o meu cabelo vai nascer quando? Mãe, meu cabelo está demorando a nascer!'. E como ela ainda é uma criança, ela ainda não entende, né?”, conta a mãe.

A mãe diz ficar surpresa com a reação da filha diante das pessoas que as questionam sobre a falta de cabelo. “Eu pensei que ela ficaria mais chateada. Ela é supertranquila em relação disso”, disse.

A garotinha tem duas irmãs, de 2 e 3 anos. Bibi sempre questiona a mãe sobre elas terem cabelos e ela não. “Pergunta bastante. Fala: 'Mãe, as duas também são da sua barriga, não foram?'. Eu falo: 'Foi, Bianca'. E ela fala queria ser igual as irmãs. Eu explico que Deus quis assim, que ninguém é igual”, conta a mãe.

Fora isso, segundo Cláudia, a menina é super saudável. “Não tem nenhuma doença. Nada, nada, nada. Ela é muito independente e feliz, acima de tudo. Eu creio que essa peruca vai mudar a vida dela, porque ela pediu. Mas, vou deixar bem a critério dela, falar que ela não é obrigada a usar. E se ela realmente querer usar. Mas, como ela pediu, acredito que ela vai querer usar”, disse a mãe.

Escola

A reação dos colegas de escola de Bibi foi bem diferente do que a mãe imagina. “Ela nunca reclamou de nada. Sempre, em todo início da ano, eu vou até a escola e converso com os professores dela, apresento ela para os coleguinhas. Falo: 'Olha, a Bianca não tem nenhuma doença, é apenas uma diferente, e todos ficam cientes de que ela não tem nenhuma doença. Ela encara com naturalidade, fica observando eu falar, bem tranquila mesmo. E, com isso, as coleguinhas tratam ela muito bem na escola. Eles têm um carinho grande, um afeto de cuidar dela. E ela é uma menina muito carismática, muito, muito, muito”, conta a mãe.

Cláudia só tem um desejo para a filha. “Com cabelo, ou sem cabelo, desejo que ela seja uma pessoa feliz, uma mulher feliz. E acredito que ela vai ser corajosa, batalhadora. Ela é carismática e acredito que ela não vai abaixar a cabeça por conta do cabelo”, espera a mãe. “A beleza vem de dentro e não de fora”, reforça Cláudia.

Doações

Como Bibi já recebeu muitas doações, a mãe dela indica a ONG Fio de Luz, que fica na rua João Monlevade, 35, bairro Jardim Leblon, em Belo Horizonte, para fazer doações de cabelos e confeccionar perucas para mulheres em tratamento de câncer. A Fio de Luz criou recentemente o banco de perucas do Hospital Felício Rocho. Contato: (31) 99540-8254

 

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