Bárbara Victória só queria comprar pão. Uma tarefa corriqueira, que ela fazia habitualmente para ajudar a mãe. Mas a garotinha teve o direito de voltar para casa roubado por um assassino cruel, que a raptou em plena luz do dia, a poucos metros de onde ela morava. Além da comoção coletiva, a morte da menina de Ribeirão das Neves, na região metropolitana, trouxe à tona uma pergunta: afinal, como vamos deixar nossas crianças saírem sozinhas nas ruas após um crime tão brutal?
Para o doutor em psicologia social Cláudio Paixão, o medo é totalmente justificável, principalmente após um crime de repercussão, como o assassinato de Bárbara. “O que acontece é uma projeção da experiência do que ocorreu com essa criança”, explica o especialista.
No entanto, apesar do temor que casos como o de Bárbara provocam em quem tem filhos, Paixão afirma que impedir as crianças de circular pelas ruas e de assumir tarefas, como ir à padaria ou ao supermercado, não é o melhor caminho para protegê-las.
“Crianças, em geral, não vão deixar de fazer as coisas se a gente proibir. Então, eu acredito que a gente tem que orientá-las e ensiná-las a tomar precauções, a não conversar com estranhos, a pedir ajuda em locais públicos caso sejam abordadas por desconhecidos”, exemplifica o psicólogo.
O especialista em segurança pública Jorge Tassi, concorda: “A criança precisa saber que aquele não é um passeio desatento. Ela tem que prestar atenção a movimentos estranhos. Se achar que está sendo seguida, ela deve procurar o primeiro comércio aberto e pedir ajuda”, orienta o pesquisador.
E quem vai ensinar tudo isso para os pequenos? “O pai, a mãe, o primo, a tia, a vizinha. Todos nós”, finaliza Tassi. (Com Anderson Rocha)