Família preocupada

Crime em Betim: PM diz que jovem que matou criança tem esquizofrenia

Homem teve dose de medicação ampliada nessa terça; ao voltar para casa, chegou a dizer que o 'patrão' estava mandando matar uma criança

Da Redação / Cidades

Publicado em 30 de outubro de 2019 | 10:46

 
 
O homem chegou a buscar a arma em casa para agredir o desafeto. O homem chegou a buscar a arma em casa para agredir o desafeto. Foto: Alex de Jesus / O Tempo

O homem de 25 anos que assassinou a facadas uma menina de 5, na manhã desta quarta-feira (30), em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, apresentou um quadro esquizofrenia, de acordo com a Polícia Militar. Segundo a corporação, a família dele apresentou laudos e disse que ele teve uma consulta com psiquiatra ontem para aumentar a dose da medicação. 

"Ele foi com a mãe ao psiquiatra porque o remédio não estava fazendo efeito. O médico passou a medicação de 10 para 20 gotas, mas ele não chegou a tomar a nova dose. Ao voltar para casa, ele teve um novo surto. Colocou um funk e ficava dando gargalhadas, dançava sozinho. Subia nos muros, dizia que o 'patrão' tinha mandado ele matar uma criança", explicou o major Paulo Roberto, da 177 Companhia do 66 Batalhão.

A família gravou vídeos da situação para mostrá-lo quando ele voltasse à realidade. Preocupados, familiares esconderam objetos cortantes. 

Nesta quarta, o homem acordou cedo e falou para a mãe que iria à padaria comprar pão. 

"No quintal da casa, ele andava de um lado para o outro afirmando que teria que matar alguém. A mãe pediu para ele não sair de casa, mas o autor disse que só ia comprar pão. Ele voltou para o imóvel, mas saiu outra vez sem que a família percebesse. Infelizmente, ele conseguiu uma faca. E foi o momento em que ele cometeu o crime", detalhou o policial. 

Ouça um trecho da entrevista com o major, que traz vários detalhes sobre o que foi apurado junto à família do suspeito:

"As pessoas não devem fazer justiça com as próprias mãos", diz policial

Após o crime, o homem foi agredido com socos, pedras, golpes de capacete por pessoas que estavam na região. O agressor precisou ser socorrido por militares e encaminhado à unidade de saúde, onde foi medicado e recebeu alta médica. 

"A gente orienta que as pessoas acreditem nas Forças de Segurança. Que ninguém faça justiça com as próprias mãos porque não é o ideal. Cada família tem o seu problema particular e a gente precisa saber entender essa questão e respeitar", disse o policial.

O agressor morava com a mãe e três irmãos na região da vila Cristina, onde o crime aconteceu. O pai está trabalhando na Suécia.

Usuário de crack

Há três anos, o homem faz uso de crack, segundo o polícia. Ele saiu do Ceresp de São Joaquim de Bicas em agosto deste ano. No presídio, o jovem também teve problemas.

"Ao ver uma situação de perigo ou conflito, o autor começa a rir. No momento em que ele estava preso ocorreu uma briga na cela e ele riu. Os detentos deixaram ele sem alimentação por algum período. A mãe foi visitá-lo e precisou explicar esse quadro do filho", contou o major. 

Perdão

Já na companhia da Polícia Militar, o homem conversou com o major Paulo Roberto e, aparentemente calmo, pediu perdão. 

"A gente observa que, agora, ele está em um quadro de normalidade. Ele afirma que o ato foi sem querer, pede perdão, diz que agiu sozinho e fala que recebeu a 'ordem'", disse. 

O homem será encaminhado à Delegacia de Homicídios de Betim.

Texto atualizado às 11h32