‘Ela fala pra não chorarmos': filha de vítima tenta consolar família

Com cinco anos recém-completos, a filha de Ramon Júnior Pinto, uma das 71 vítimas fatais identificadas após o rompimento da mina I da barragem do córrego do Feijão em Brumadinho, ainda não tem dimensão da tragédia ocorrida na cidade. Com a pureza típica de uma criança, é ela quem está tentando consolar a família.

“Ela tenta consolar os familiares. Ela fala para não chorarmos, porque, se não, ela ficará mais triste ainda”, comenta o primo da vítima, Gleidson Alves, por telefone enquanto olha a sobrinha: “Ela está ali brincando, é quem dá força para a família”, completa.

A pequena Milena fez aniversário no sábado, dia 28 de janeiro, três dias depois do rompimento da tragédia, no dia 25, data em que a companheira dele aniversariou. O corpo do pai dela foi identificado nessa quinta-feira (31), e o enterro foi realizado nesta sexta (1º) em um distrito de Brumadinho.

‘Nunca havia pedido folga’

Ramon Júnior Pinto tinha de 34 anos e trabalhava na Vale há 13. Era formado em engenharia de produção e trabalhava na empresa como analista de contrato. De acordo com o primo da vítima, durante todo esse tempo, ele pediu folga justamente no dia anterior à tragédia.

"Nesse período de 13 anos nunca havia pedido uma folga. No dia 24/01 ele pediu folga pra passar o dia com a filha e com a esposa, que fazia aniversário no dia. No sábado (28) era a festa de aniversário da esposa e no dia 28 da filha. Já estava tudo pronto e acontece essa fatalidade", disse.

Além da filha e da companheira, Ramon deixa um irmão e seus pais. (Com Lucas Henrique Gomes)