Rompimento de barragem

Em simulado, moradores de Barão de Cocais gastam metade do tempo estimado

A Defesa Civil precisou de apenas 32 minutos para retirar todos os moradores das áreas de risco

Por Pedro Ferreira
Publicado em 25 de março de 2019 | 18:16
 
 
 
normal

Moradores de Barão de Cocais, na região central de Minas, gastaram 32 minutos para chegar nos locais seguros, durante uma atividade que simulou o rompimento da barragem Sul Superior, da mina Gongo Soco, de responsabilidade da Vale.

Para a realização do treinamento, a prefeitura da cidade decretou feriado municipal. Portanto, escolas, comércio e fórum foram fechados, para estimular que moradores participassem. 

Apesar de se tratar apenas de uma simulação, o pânico foi real entre os cerca de 6.500 moradores que precisaram deixar suas casas nas proximidades do rio São João. As sirenes de alerta foram acionadas exatamente às 16h, e o deslocamento das pessoas foi feito a pé em direção aos sete pontos de encontro, que ficam fora da mancha de lama, onde há segurança.

Um carro de som percorreu as ruas avisando aos moradores que se tratava apenas de um simulado. Foi grande também o movimento de viaturas da Polícia Militar que transitavam com as sirenes ligadas. 

Resgate sem correria

O tempo estimado para a lama chegar até a cidade é de 1h12, houve quem gastou 6 minutos e quem demorou 30 minutos para chegar à Praça de Eventos José Furtado, por onde passa o maior fluxo de pessoas na rota de fuga. Para o porta-voz da Defesa Civil de Minas Gerais, o tenente-coronel Flávio Godinho, a simulação foi um sucesso. 

A empregada doméstica, Sílvia Venância, de 49 anos, gastou 30 minutos para se deslocar de seu local de trabalho ao ponto de encontro. "Fico preocupada. Trabalho em uma casa de família e fico sozinha com uma criança de 10 anos. Estou o tempo todo atenta a qualquer barulho para saber o que está acontecendo", disse. O que a tranquiliza é saber que sua família vive em uma região segura. Para Sílvia, o treinamento é importante para que ninguém se desespere em caso de rompimento da barragem. 

Ao contrário dela, a técnica de enfermagem Helena de Freitas, de 58 anos, gastou apenas 6 minutos para realizar o deslocamento. Apesar disso, o fato de morar tão perto de um ponto seguro não a tranquiliza. "Não tenho conseguido dormir bem e nem me alimentar direito, estou preocupada. A gente vive hoje em pânico, a barragem pode romper a qualquer momento", desabafou. 

Inicialmente, a estimativa da Defesa Civil era que 9.000 moradores da área de risco participassem da atividade, considerando que haveria três pessoas em cada casa. No entanto, após uma análise minuciosa, os agentes chegaram a média de 6.500 moradores. O número exato só será anunciado quando forem analisados os formulários distribuídos às pessoas que vivem na região.

Suporte

A operação realizada na tarde desta segunda-feira (25) contou com o apoio de um helicóptero e de várias viaturas da Polícia Militar, que atuaram com o intuito de evitar saques e outros crimes cometidos contra as residências, enquanto os donos estivessem no treinamento. 

Além disso, os bombeiros cadastraram 43 pessoas com dificuldades de locomoção e que precisaram ser retiradas pelos militares, que também estão atentos para socorrer quem vier a passar mal durante a evacuação. 

Problema detectado durante simulação

O prefeito do município, Décio Geraldo dos Santos (PV), reclamou do volume das sirenes que considerou baixo demais. "Já falei com a empresa responsável e com a Defesa Civil. A maior falha que vi foi o volume das sirenes. Mas tinha também o barulho do helicóptero e das viaturas dos bombeiros com as sirenes ligadas", pontuou. 

As sirenes às quais o prefeito se refere são móveis e estão instaladas em sete veículos, conectados 24 horas por dia com a barragem. Em caso de rompimento, os carros começam a circular em questão de segundos.

Quanto a altura das sirenes, o tenente-coronel informou que vai pedir à empresa responsável que eleve o volume do alerta.

Outro problema detectado pela Defesa Civil, o tenente-coronel Godinho também comentou o fato de que muitas pessoas permaneceram em suas casas durante o simulado. "Isso é normal. A gente não tem 100% de engajamento, mas estamos muito felizes porque várias pessoas abraçaram a ideia e o mais importante é que a comunidade tenha essas informações", disse. 

Situação real

Em caso real de rompimento da barragem, os moradores das áreas dentro da mancha de rejeitos serão atendidos por uma equipe multidisciplinar nos sete pontos de encontros. Não à toa, milhares de panfletos e mapas foram distribuídos à população, neles estão indicadas tanto as rotas de fuga quanto os locais de segurança. Além disso, 1.400 placas apontam para onde as pessoas podem correr. 

A expectativa da Defesa Civil é que em 30 ou 40 minutos todas as pessoas já tenham sido evacuadas.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!