Sem nem conhecer diretamente as pessoas a quem ajuda, Maria José Martins Silva, a dona Lia, 96, uma das finalistas do Prêmio Bom Exemplo 2019 na categoria Cidadania, dedica-se com carinho e zelo à confecção de roupas de cama para pacientes com hanseníase da Colônia Santa Isabel, em Betim, na região metropolitana de BH.
A história começou há mais de dez anos, quando a idosa, vendo um casal de sobrinhos ajudar a instituição com donativos, ofereceu a sua contribuição para a entidade. “Eu me comprometi a fazer o que sabia, que é costurar. Desde então, não parei”, conta.
Diariamente, dona Lia se senta à máquina de costura e confecciona, em média, seis lençóis. “Eu faço três pela manhã e mais três depois do almoço. Com os retalhos, eu faço as fronhas”, detalha ela.
O material para confeccionar as peças é doado por uma conhecida de dona Lia, que trabalha em uma fábrica. No fim de semana, o sobrinho de dona Lia passa na casa dela para recolher o que foi produzido.
Além de fazer o bem a tantas pessoas da Colônia Santa Isabel, dona Lia aproveita o ofício para se distrair e manter a mente ocupada. “Como eu fico sentada, não faço força para costurar. Aproveito esse tempo em que eu ficaria parada, olhando para as paredes, para ajudar quem precisa. Enquanto eu der conta, eu vou fazer”, garante ela.
Filho de dona Lia, Paulo Roberto Pereira da Silva, 57, que mora com a idosa, no bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste de Belo Horizonte, afirma que o exemplo da mãe é um orgulho para todos da família. “Foi minha namorada que indicou minha mãe (ao prêmio), depois de ver que ela, nessa idade, ainda faz o bem. É muito orgulho tê-la ao nosso lado. É uma formiguinha em meio a tanta gente, mas é um trabalho de uma importância muito grande”, conta Silva.
Legado
Dona Lia é a matriarca de uma família de oito filhos, 19 netos, nove bisnetos e um tataraneto, além de muitos genros, noras e outros agregados. Um dos mais novos da família, Théo Andrade Silva, 10, neto dela, não sabe muito bem para onde os lençóis feitos pela avó são direcionados, mas, desde cedo, já sabe que o ato de dona Lia está fazendo a diferença.
“Eu fico jogando videogame enquanto ela costura. Acho um trabalho bem legal, sei que ajuda muita gente”, diz. Segundo o menino, ao receber a notícia de que a avó foi selecionada para concorrer ao prêmio, não faltaram abraços na comemoração: “Gritei, abracei minha avó e fiquei muito feliz”.